Trump assistiu à invasão do Capitólio bebendo refrigerante, diz procurador
Ex-presidente dos EUA é acusado de agir por 'interesse próprio' para derrubar o resultado das eleições de 2021
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump assistiu à invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, pela televisão e bebendo refrigerante. É o que aponta o novo processo judicial aberto contra o republicano pelo procurador Jack Smith, o qual teve algumas de suas milhares de páginas divulgadas na noite de sexta-feira (18).
A publicação ocorreu depois que a juíza Tanya Chutkan negou o pedido de última hora de Trump para adiar a divulgação do material até o dia depois das eleições presidenciais – que ocorrem em 5 de novembro. O republicano argumentou que a divulgação do processo equivaleria a interferência eleitoral, mas Chutkan discordou.
No documento, é citada uma conversa de Trump com um funcionário não identificado da Casa Branca. Na transcrição, o funcionário diz que informou o republicano de que as redes de TV estavam interrompendo a transmissão de seu discurso – feito mais cedo em Washington – para anunciar a invasão ao Capitólio.
“Ele [Trump] estava, tipo, ‘O que você quer dizer?’ Eu disse, ‘é, eles estão se rebelando lá no Capitólio’. E ele estava, tipo, ‘Ah, sério?’ E então ele estava tipo, ‘Tudo bem, vamos ver’”, disse o funcionário. “Deixo a TV pronta para ele, e entrego o controle remoto, e ele começa a assistir. E eu saí para pegar uma Coca Diet para ele”, completou.
A revelação fornece uma visão de como Smith pretende acusar Trump. Quando abriu o processo, o procurador disse que iria provar que o ex-presidente agiu por “interesse próprio” para derrubar o resultado das eleições de 2021, que deram vitória a Joe Biden. Segundo ele, o republicano agiu contra o resultado antes mesmo de ser derrotado.
Isso porque um funcionário da Casa Branca chegou a ouvir Trump dizendo que não importava se ganhasse ou perdesse a eleição. Também foi relatado que o político não expressou reação quando soube que seu vice-presidente, Mike Pence, havia sido levado para um local seguro devido à invasão ao Capitólio. “E daí”, teria dito ele.
O processo afirma ainda que Trump e seus aliados, incluindo o advogado Rudy Giuliani, procuraram "explorar a violência e o caos no Capitólio", em 6 de janeiro de 2021, para atrasar a certificação da eleição. O grupo teria ligado para senadores e deixado mensagens de voz que pediam que se opusessem aos eleitores estaduais.
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As evidências incluem uma postagem de Trump dizendo que Pence, que além de candidato a vice-presidente era presidente do Senado, “não teve coragem de fazer o que deveria ter sido feito”. A publicação foi feita em referência ao suposto acordo de Trump com Pence para rejeitar a certificação do pleito. Ele, no entanto, teria recusado "trair seu juramento constitucional".