'Thiago não reconhecerá um crime que não cometeu', diz irmã de ativista brasileiro detido em Israel
Luana Ávila diz não ter informações confiáveis sobre prisão do irmão, que está em uma solitária

SBT News
O ativista brasileiro Thiago Ávila, de 38 anos, não irá reconhecer um crime que não cometeu, afirmou sua irmã, Luana Ávila, em entrevista ao programa Poder Expresso, do SBT News, nesta quarta-feira (11). Detido desde domingo (8) por tentar levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, Thiago está em uma cela solitária na prisão de Givon, em Ramla, em Israel.
Segundo Luana, desde a noite de domingo, a família não tem qualquer contato direto com Thiago e recebe apenas informações, muitas vezes, desencontradas. "A gente fica muito preocupado com a integridade física dele", disse, acrescentando que o irmão está em greve de fome.
Na entrevista, ela relatou que houve uma reviravolta na situação do ativista. A defesa chegou a informar que o grupo seria deportado, o que, para a família, traria alívio. No entanto, Thiago foi separado dos demais ativistas e levado à solitária.
Luana também cobrou uma atuação mais firme do governo brasileiro para que seu irmão retorne.
“Eu gostaria de pedir que as autoridades brasileiras participassem de maneira mais incisiva e efetiva porque Israel está se manifestando enquanto nação. Então, é importante que o Brasil se manifeste como nação também para trazer o nosso brasileiro”, afirmou.
Propósito
Na entrevista, ela relembrou a última conversa que teve com o irmão antes da viagem. Questionando a decisão de partir, ela ouviu de Thiago: “Eu consigo abraçar minha filha. Você consegue abraçar as suas. Se fossem as nossas filhas lá, você ia rezar para cair do céu uma ajuda externa para que você e sua filha pudessem ter o direito de continuar existindo”.
Emocionada, ela disse ter entendido naquele momento o propósito, mas teme pelo irmão. “Eu não sei o que vai acontecer com ele”.
A irmã ainda explicou que Thiago e outros ativistas se recusaram a assinar um termo que os acusa de crime, condição exigida pelas autoridades israelenses para a deportação. “As pessoas perguntam por que ele não assinou e voltou, mas para isso ele teria que reconhecer um crime que não cometeu. Thiago não reconhecerá um crime que não cometeu", afirmou.
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Entre os 12 ativistas detidos, quatro aceitaram a deportação, incluindo a sueca Greta Thunberg. Os demais seguem presos e o prazo padrão para deportação em Israel é de até 72 horas após a detenção, o que indica que Thiago pode deixar o país até a quinta-feira (12). No entanto, a permanência dele na solitária e a recusa em assinar a acusação podem estender o impasse.