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Saiba quem é Abu Mohammed al-Golani, líder rebelde que tomou a Síria

Al-Golani foi comandante da Al-Qaeda, rotulado como terrorista pelos Estados Unidos e passou por transformação na imagem

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O líder rebelde sírio Abu Mohammed al-Golani | Reprodução/DRM News/Oriente News
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Rebeldes sírios anunciaram, na manhã deste domingo (8) que o governo de Bashar al-Assad, na Síria, foi deposto após uma onda de militantes protestarem na capital do país, Damasco.

A tomada de poder foi liderada por Abu Mohammed al-Golani. Mas quem é o homem que acabou com um regime que durou 50 anos e passou gerações da família Assad?

Abu Mohammed al-Golani

O líder militante tinha laços firmes com a Al-Qaeda. Era comandante do grupo terrorista responsável pelo ataque às torres gêmeas nos Estados Unidos em 2001.

Trabalhou durante anos para se reconstruir se livrar da imagem de terrorista. Para isso, renunciou ao grupo e se autodenominou um campeão do pluralismo e da tolerância.

Nos últimos dias, abandonou o nome de guerra e começou a se chamar pelo nome real, Ahmad al-Sharaa.

A extensão dessa transformação de extremista jihadista em aspirante a construtor de um Estado está agora posta à prova.

Estratégia

Al-Golani, de 42 anos — rotulado como terrorista pelos Estados Unidos — trabalhou durante anos para consolidar o poder, encurralado na província de Idlib, no canto noroeste da Síria, enquanto o governo de Assad, apoiado pelo Irã e pela Rússia, parecia sólido em grande parte do país.

Ele manobrou entre organizações extremistas enquanto eliminava concorrentes e antigos aliados. Buscou polir a imagem de um “governo de salvação”. Para isso, trabalhou para conquistar governos internacionais e tranquilizar as minorias religiosas e étnicas da Síria. Assim construiu laços com várias tribos e outros grupos.

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Ao longo do caminho, al-Golani abandonou o traje de guerrilheiro islâmico linha-dura e vestiu ternos para entrevistas à imprensa, falando sobre a construção de instituições estatais e a descentralização do poder para refletir a diversidade da Síria.

“A Síria merece um sistema de governo que seja institucional, ninguém onde um único governante tome decisões arbitrárias”, disse ele em uma entrevista à CNN na semana passada, oferecendo a possibilidade de que o HTS fosse eventualmente dissolvido após a queda de Assad.

“Não julgue por palavras, mas por ações”, disse ele.

Consolidação na Síria

Devido à proximidade com a Al-Qaeda, al-Golani só foi revelar o rosto em público em 2016. O Grupo, ramificado com a criação do Estado Islâmico, criou a Frente Nusra, de atuação na Síria. O movimento de resistência ao regime de Bashar al-Assad, cresceu, assim como as ambições de al-Golani.

O rosto do líder do grupo foi visto pela primeira vez pelo público em uma mensagem de vídeo que anunciou que A frente Nusra estava se renomeando para Jabhat Fateh al-Sham — a Frente de Conquista da Síria — e cortando seus laços com a Al-Qaeda.

“Esta nova organização não tem nenhuma afiliação com nenhuma entidade externa”, disse ele no vídeo, filmado vestindo traje militar e turbante.

O movimento abriu caminho para al-Golani afirmar controle total sobre grupos militantes fragmentados. Um ano depois, sua aliança foi renomeada novamente como Hayat Tahrir al-Sham -– significando Organização para Libertação da Síria -- conforme os grupos se fundiram, consolidando o poder de al-Golani na província de Idlib, noroeste da Síria.

Mais tarde, o HTS entrou em conflito com militantes islâmicos independentes que se opunham à fusão, fortalecendo ainda mais al-Golani e seu grupo como a principal potência no noroeste da Síria, capaz de governar com mão de ferro.

Com seu poder consolidado, al-Golani pôs em movimento uma transformação que poucos poderiam ter imaginado. Substituindo seu traje militar por camisa e calças, ele começou a clamar por tolerância religiosa e pluralismo.

Ele apelou à comunidade drusa em Idlib, que a Frente Nusra havia atacado anteriormente , e visitou as famílias dos curdos que foram mortos por milícias apoiadas pela Turquia.

Em 2021, al-Golani teve sua primeira entrevista com um jornalista americano na PBS. Vestindo um blazer, com seu cabelo curto preso com gel para trás, o líder do HTS, agora mais suave, disse que seu grupo não representava nenhuma ameaça ao Ocidente e que as sanções impostas contra ele eram injustas.

“Sim, nós criticamos as políticas ocidentais”, ele disse. “Mas travar uma guerra contra os Estados Unidos ou a Europa a partir da Síria, isso não é verdade. Nós não dissemos que queríamos lutar.”

* Com informações da Associated Press

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