Reino Unido começa a deter migrantes que serão deportados para Ruanda
Lei controversa foi aprovada em abril pelo Parlamento britânico. Primeiro-ministro quer que os primeiros imigrantes saiam do país em julho
O Reino Unido começou a prender nesta quarta-feira (1º) os primeiros imigrantes ilegais requerentes de asilo que devem ser enviados para Ruanda nas próximas 9 a 11 semanas. A ação acontece menos de uma semana depois de o Parlamento britânico aprovar uma controversa lei de deportação que é a principal política de imigração do atual primeiro-ministro, Rishi Sunak.
Anunciado há dois anos, durante o governo de Boris Johnson, o plano de deportação tem como objetivo enviar imigrantes que chegam ilegalmente no Reino Unido para o país africano, de onde os pedidos de asilo serão processados. A ideia do governo britânico é dissuadir os trajetos no Canal da Mancha.
Mais de 7.500 migrantes chegaram à Inglaterra em pequenos barcos vindos de França este ano, e o Ministério do Interior do Reino Unido afirma que a política irá dissuadir as pessoas de fazerem a perigosa viagem.
O plano de deportação é bastante criticado por grupos humanitários, incluindo a ONU, e parlamentares opositores. Eles alegam haver risco na segurança dos imigrantes, uma vez que o Ruanda não é considerado “um país seguro”. Além disso, há a probabilidade das autoridades forçarem o envio dos imigrantes às nações de origem – de onde fugiram –, o que colocaria os grupos novamente em risco de perseguição.
Ruanda vai receber do governo britânico 370 milhões de libras esterlinas (cerca de R$ 2,3 bilhões) em cinco anos para abrigar os imigrantes. Todos serão transportados por meio de voos comerciais, que já foram fretados pelo governo britânico.
Imagens divulgadas pelo Ministério do Interior britânico nesta quarta-feira (1º) mostraram um homem sendo colocado em uma van por autoridades de imigração e outro sendo levado para fora de casa algemado. Segundo a pasta, essas são apenas as primeiras detenções, "com mais atividades a serem realizadas nas próximas semanas".
Para receber os imigrantes, o ministério aumentou a capacidade de detenção para mais de 2.200 vagas.
A expectativa é que grupos humanitários tentem barrar o envio dos imigrantes na Suprema Corte, como fez anteriormente. Em novembro, o Supremo Tribunal britânico declarou o plano dos Conservadores ilegal.