Putin não participará de negociações de paz com Zelensky, diz Kremlin
Presidente russo nomeou delegação encarregada de dialogar com autoridades ucranianas; encontro acontece na Turquia

Camila Stucaluc
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, não deve viajar à Turquia, nesta quinta-feira (15), para participar das negociações de cessar-fogo com seu homólogo na Ucrânia, Volodymyr Zelensky. A confirmação foi feita pelo Kremlin, que divulgou uma lista com os nomes das autoridades que estarão na delegação russa.
Segundo o comunicado, o grupo será liderado pelo assessor presidencial Vladimir Medinsky. Alexander Fomin, vice-ministro da Defesa, Mikhail Galuzin, vice-ministro das Relações Exteriores, e Igor Kostyukov, chefe da Diretoria do Estado-Maior das Forças Armadas Russas, também estarão presentes.
Essa será a segunda negociação direta entre Rússia e Ucrânia desde o início da guerra. Após impasse no diálogo em março de 2022, as negociações permaneceram congeladas, sendo retomadas em 2025, com mediação dos Estados Unidos. Em março, os países chegaram a um acordo para um cessar-fogo na região do Mar Negro, abrindo um corredor seguro para a navegação de embarcações comerciais.
Desta vez, Zelensky se propôs a participar das negociações, caso Putin comparecesse à reunião. O mesmo foi dito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Atualmente, o republicano está em visita oficial no Catar – segunda parada em uma viagem de três dias pelo Oriente Médio.
Com a confirmação de que Putin não irá ao encontro, as negociações devem acontecer apenas entre as delegações. Na noite de quarta-feira (14), Zelensky viajou para Ancara, onde deve se encontrar com o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, dizendo que “estará pronto” para embarcar para Istambul a qualquer momento caso o líder russo resolvesse participar das conversas diretas.
"Estou esperando para ver quem virá da Rússia e então decidirei quais medidas a Ucrânia deve tomar. Esta semana pode realmente mudar muita coisa — mas só pode. Tudo está sendo decidido agora”, disse Zelensky. "Se Putin não jogar, é a prova de que ele não quer acabar com a guerra", completou.
Pressão internacional
Além dos Estados Unidos, países europeus pressionam a Rússia por um cessar-fogo na Ucrânia. Nesta semana, a Alemanha chegou a dar um ultimato em Moscou, dizendo que anunciaria novas sanções contra o país caso as delegações não chegassem a um acordo de trégua, mesmo que temporária.
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Apenas neste ano, foram apresentadas duas propostas de cessar-fogo de 30 dias na Ucrânia, sendo uma pelos Estados Unidos e outra pelos líderes europeus. A Rússia rejeitou os textos e promoveu somente dois períodos de trégua: um na Páscoa e outro no início de maio para comemorar o Dia da Vitória – que marca a vitória da União Soviética e aliados sobre a Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial.