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Putin é eleito para seu quinto mandato como presidente da Rússia, diz TV estatal

Com o resultado, ele se mantém no poder até 2030 e será o líder russo mais longevo da história moderna, ultrapassando Josef Stalin

Putin é eleito para seu quinto mandato como presidente da Rússia, diz TV estatal
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Vladimir Putin foi eleito para o seu quinto mandato como presidente da Rússia. As informações foram divulgadas, neste domingo (17), pela TV estatal Russia-24.

+ Eleição protocolar deve dar a Putin quinto mandato na Rússia; entenda por quê

Até o momento, de acordo com a apuração publicada pela mídia russa, Putin recebeu 88% dos votos. Com o resultado, ele se mantém no poder por mais seis anos, até 2030.

Se concluir o novo mandato, o presidente de 71 anos somará 30 anos no comando da Rússia, ultrapassando Josef Stalin, governante soviético entre 1927 e 1953, como o líder russo mais longevo da história moderna.

Já antes da divulgação dos resultados, inclusive, a vitória do presidente russo era dada como praticamente certa.

Zelensky disse que Putin está "simulando outra eleição"

Sobre o resultado do pleito, o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky também afirmou que o líder da Rússia se tornou "viciado no poder". Além disso, voltou a apontar que a atuação russa na guerra com a Ucrânia é criminosa, e que o presidente russo deve ser julgado no Tribunal de Haia, responsável por julgamentos internacionais de pessoas responsáveis por crimes contra humanidade e de guerra, além de genocídios.

Se a vitória era quase certa, por que Putin insiste em eleições?

As eleições na Rússia, além de mera formalidade, têm um propósito: atribuir uma imagem de legitimidade democrática ao regime do presidente russo e consolidar sua imagem de único líder capaz de garantir a segurança e a estabilidade do país frente ao que ele chama de "ameaças do Ocidente".

"Os regimes autoritários modernos sentem essa necessidade de conduzir eleições, ainda que haja ali muitos procedimentos, mecanismos, de manipulação, mas, pelo menos, esses procedimentos conferem um aspecto de legalidade e de legitimidade democrática, por mais que sejam manipulados. É uma espécie de plebiscito de apoio ao regime e a guerra na Ucrânia", explica Vicente Ferraro, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), especialista em conflitos e política da Rússia.

+ Da KGB à presidência: entenda a trajetória de Vladimir Putin ao poder

"O próprio fato de estarem sendo realizadas votações nas regiões ocupadas (da Ucrânia), também envolve uma questão de legitimação, uma tentativa de passar um aspecto de legitimidade democrática sobre o controle russo dessas regiões ucranianas, sobre a própria figura de Vladimir Putin nessas regiões anexadas”, conclui.

Real oposição na Rússia sofre perseguição política; entenda

Dos candidatos autorizados a concorrer contra Putin, todos fazem parte do que é entendido como oposição sistêmica: Nikolai Kharitonov (Partido Comunista), Leonid Slutsky (Partido Liberal Democrático) e Vladislav Davankov (Partido Novo Povo).

Os três partidos são representados no Parlamento Russo, chamado de Duma, e não contestam o atual regime, muito menos sua política interna e externa. São todos a favor da guerra na Ucrânia. A real oposição é cerceada, sofre perseguição política, repressão, explica Vicente.

“A real oposição, hoje, está fragmentada e, por meio de uma série de mecanismos do governo, é impedida de participar de maneira efetiva do processo eleitoral, de ter uma participação significativa na dinâmica política russa”, completa

Foi o caso de Boris Nadezhdin, um dos poucos candidatos que se opôs à guerra na Ucrânia e fez uma crítica enfática à presidência da Rússia no conflito. O partido dele não faz parte da Duma, então, de acordo com as regras eleitorais da Rússia, precisaria coletar 100 mil assinaturas para poder constar como candidato na eleição.

Nadezhdin conseguiu mais de 100 mil assinaturas, mas a Comissão Central Eleitoral, órgão que equivale ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), rejeitou a candidatura alegando que mais de 15% das assinaturas tinham irregularidades.

O uso da máquina pública para dificultar a consolidação de uma oposição é comum na Rússia, segundo Ferraro. Ele separa esse processo em três fases.

+ Rússia barra candidatura de opositora de Putin nas eleições presidenciais de 2024

“A primeira fase é o período fora de campanha, em que o controle sobre essa oposição se manifesta em diversos mecanismos, como, por exemplo, o controle dos meios de comunicação, em sua maioria estatais; censura à imprensa escrita e na internet; repressão aos protestos; prisão de opositores; e abertura de processos criminais”, pontua o especialista.

Alexei Navalny é o caso mais emblemático. Principal opositor de Putin, ele morreu no começo deste ano em uma colônia penal russa na Sibéria, onde estava preso desde 2021 por diversas acusações. Antes disso, já havia sofrido dois atentados dos quais escapou por pouco.

+ Ucrânia: Putin pode ser punido apenas quando não for mais presidente

Já a segunda fase desse processo, segundo o cientista político, acontece durante o período pré-eleitoral, quando o Kremlin usa uma série de mecanismos jurídicos, legislativos e burocráticos para dificultar o acesso da oposição ao pleito, como o caso de Nadezhdin.

A terceira e última fase se dá no período eleitoral, que envolve a votação e o resultado final do pleito. "Mesmo nessa fase final também há denúncias de irregularidade e fraude no processo eleitoral, com o enchimento de urnas e o uso de processos passíveis de fraude – como a votação online", explica.

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