"Problemas da América Latina e Caribe não serão solucionados mediante ameaça de uso da força", diz Lula
Presidente discursou na abertura da Cúpula de Líderes do G20, na África do Sul; ainda neste sábado, brasileiro vai se reunir com chanceler da Alemanha


Hariane Bittencourt
Joanesburgo - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse neste sábado (22) que os problemas da América Latina e do Caribe não serão resolvidos com o uso da força. Em meio às tensões entre Estados Unidos e Venezuela, o petista fez críticas ao protecionismo e pediu cooperação entre os países em desenvolvimento.
"Se não formos capazes de encontrar caminhos dentro do G20, não será possível fazê-lo em um mundo conflagrado. Os históricos problemas sociais e econômicos da América Latina e do Caribe não serão solucionados mediante a ameaça de uso da força", afirmou em seu discurso na abertura da Cúpula de Líderes do G20 em Joanesburgo, na África do Sul.
O presidente brasileiro foi o segundo a falar, logo depois de Cyril Ramaphosa, da África do Sul, a quem Lula parabenizou pela construção da declaração de líderes - criticada por países como os Estados Unidos que, ausentes na cúpula, foram contrários à apresentação de uma declaração.
"Saúdo a aprovação da Declaração de Líderes desta Cúpula, que recompensa o esforço e o excelente trabalho diplomático da presidência sul-africana", disse.
O petista também fez críticas à adoção de posturas protecionistas e multilaterais que, segundo ele, "ressurgem como respostas fáceis e falaciosas para a complexidade da realidade atual".
E defendeu as ações do G20, composto por 19 países mais a União Europeia e a União Africana. "O próprio funcionamento do G20 como instância de diálogo e coordenação está ameaçado. É preciso preservar a capacidade deste fórum de tratar os grandes temas da atualidade", pontuou.
O presidente brasileiro também afirmou que nenhum país pode prosperar em isolamento e pediu que o mundo atenda às demandas dos países em desenvolvimento, como Brasil e da África do Sul.
"Nenhum país pode prosperar em isolamento. Sem atender às demandas dos países em desenvolvimento não será possível restabelecer o equilíbrio global, nem assegurar prosperidade que seja sustentável no longo prazo", assegurou Lula.
Ainda durante o discurso na manhã deste sábado, o presidente defendeu a adição de mecanismos como a troca de dívidas dos países por ações climáticas e pediu que os países-membros do G20 debatam temas como tributação internacional e taxação dos super-ricos.
Reunião com Merz
Na tarde de hoje, Lula deve se reunir com o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, que nos últimos dias fez uma declaração em tom de crítica sobre Belém (PA), cidade que recebe a COP30. A reunião está marcada para às 14h10.
Merz, em um congresso comercial logo após partir de Belém, descreveu ter perguntado aos jornalistas que viajaram com ele ao Brasil para a conferência climática se eles queriam permanecer no país.
"Nenhuma mão foi levantada. Todos nós estávamos felizes por estar de volta à Alemanha daquele lugar", disse.
Discurso de Ramaphosa
Ramaphosa, como anfitrião desta edição do G20, foi quem fe o discurso inaugural da cúpula. Ele destacou a importância dos minerais críticos para o desenvolvimento dos países de onde eles são extraídos e disse que o encontro deste fim de semana "carrega as esperanças e precisa refletir as aspirações das pessoas deste continente e do mundo".
Ramaphosa também afirmou que nada pode diminuir o calor e o impacto do primeiro G20 com presidência africana e falou sobre a construção da declaração final. "Devemos ter um senso de que o G20 saiu [do encontro] fortalecido. Agradecemos a todas as delegações que trabalharam conosco para produzir o documento final deste encontro histórico", disse o sul-africano.









