Príncipe Andrew é acusado de morar há 20 anos em palácio sem pagar aluguel; parlamentares querem abrir inquérito
Documentos mostram que um acordo permitiu ao Duque de York morar no Royal Lodge, residência luxuosa de 30 cômodos, com condições especiais de pagamento

Sofia Pilagallo
Parlamentares de um "comitê parlamentar seleto" estão fazendo forte pressão pela abertura de um inquérito sobre a residência do príncipe Andrew no palácio Royal Lodge, na Inglaterra, informou o jornal britânico The Guardian. Ele mora no local há mais de 20 anos sem pagar aluguel.
O líder do Partido Liberal Democrata, Ed Davey, escreveu ao presidente do comitê, Clifton-Brown, nesta quarta-feira (22), pedindo-lhe que abrisse um inquérito sobre os acordos financeiros que permitem a Andrew morar no palácio. A decisão de iniciar ou não uma investigação nesse sentido precisaria ser aprovada por toda a comissão.
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"Transparência adequada é urgentemente necessária, e o parlamento tem um papel importante a desempenhar no escrutínio do patrimônio da coroa e na garantia de que os interesses dos contribuintes sejam respeitados", escreveu Davey.
Documentos mostram que um acordo permitiu a Andrew morar no Royal Lodge com condições especiais de pagamento. Ele vive no luxuoso palácio de 30 cômodos desde 2003, tendo feito um pagamento único de 1 milhão de libras (R$ 7,2 milhões) para permanecer na propriedade por 75 anos, além de ter pagado 7,5 milhões de libras (R$ 54 milhões) em reformas. O valor, segundo o Guardian, equivale a "um grão de pimenta" por ano de aluguel.
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Fontes próximas ao comitê seleto afirmaram que há uma vontade crescente por uma análise adequada de suas condições de vida e do luxo contínuo de que o príncipe desfruta, apesar das acusações de abuso sexual que ele enfrenta. Até onde se sabe, a agenda do comitê está cheia até o ano novo, mas uma oportunidade pode surgir quando o Escritório Nacional de Auditoria publicar sua revisão do patrimônio da coroa.
A pressão surge em meio a novas alegações feitas sobre Andrew no livro de memórias póstumas de Virginia Giuffre. A obra, Nobody's girl (A garota de ninguém, em tradução livre), foi lançada na terça-feira (21), quase seis meses depois do suicídio da mulher, aos 41 anos.
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Ao longo de 400 páginas, Virginia detalha os "abusos sádicos" que sofreu nas mãos do falecido bilionário Jeffrey Epstein (1953-2019), condenado por comandar uma rede de tráfico sexual envolvendo menores de idade. Ela revela ter mantido relações sexuais com Andrew em três ocasiões distintas, uma delas com Epstein e mais cerca de oito jovens.
Na última sexta-feira (17), Andrew, que nega "enfaticamente" as acusações contra ele, renunciou aos seus títulos reais, incluindo o de Duque de York, recebido de sua mãe, a rainha Elizabeth 2ª (1926-2022). Ele também optou por deixar a Ordem da Jarreteira, a mais antiga e importante ordem de cavalaria do Reino Unido, da qual era membro.