Plano de “ilhas humanitárias” em Gaza é “apocalíptico”, diz ONU
Representante afirmou que enviar civis de Rafah para outros lugares do enclave não é seguro
A diretora de Comunicações da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Juliette Touma, criticou o plano de Israel de enviar moradores de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, para “ilhas humanitárias” no centro da região. Segundo ela, como atualmente nenhum lugar é seguro no enclave, a ação seria apocalíptica.
“Para onde você vai evacuar as pessoas? Nenhum lugar é seguro em toda a Faixa de Gaza. O norte está destruído, cheio de armas não detonadas, é praticamente inabitável. Qualquer nova escalada [da guerra] seria absolutamente apocalíptica", disse Touma.
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O plano de evacuação dos mais de 1,4 milhão de civis que estão em Rafah acontece em meio à preparação do exército israelense para lançar uma ofensiva terrestre na cidade. Israel defende que a ofensiva no local é crucial, uma vez que o município é um dos últimos que abrigam infraestruturas de comando ou batalha do grupo extremista Hamas.
O cenário, contudo, é visto com extrema preocupação por autoridades e organizações internacionais. Como a cidade abriga um grande número de civis – que foram forçados a irem para o sul após ordem de Israel –, o temor é que a operação resulte numa "carnificina".
Os combates em Gaza também estão impactando na entrega de ajuda humanitária. Na quarta-feira (13), por exemplo, um bombardeio atingiu um armazém e centro de distribuição de alimentos no sul de Rafah, destruindo todos os suprimentos. Um funcionário da UNRWA morreu no ataque e outros 22 ficaram feridos.
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"Os suprimentos de alimentos estão acabando, a fome está generalizada e, em algumas áreas, se transformando em fome. Como vamos manter as operações de ajuda quando nossas equipes e suprimentos estão constantemente sob ameaça? Têm de ser protegidos. Essa guerra tem que parar”, disse o chefe de ajuda humanitária da ONU, Martin Griffiths.