Pela terceira vez no governo Milei, sindicalismo promete parar Argentina
Greve geral marcada para esta quinta-feira é pressão para que Senado não aprove pacote de leis
Com o avanço do trabalho informal e da chamada “uberização” da economia mundial, as centrais sindicais argentinas não têm a mesma força que antes, mas ainda são mais organizadas e influentes na comparação com o que acontece no Brasil. Nesta quinta-feira (9), elas prometem parar o país pela terceira vez desde que Javier Milei assumiu a presidência da República em dezembro do ano passado.
Depois que o pacote conhecido como Lei Bases foi finalmente aprovado pela Câmara dos Deputados, ainda que numa versão desidratada, as lideranças trabalhistas apostam todas as fichas na discussão que começou nesta terça-feira (7) no Senado, onde o presidente tem mais dificuldade em fazer avançar suas pautas.
Na primeira tentativa feita por Milei, foi apresentado um pacote com mais de 600 artigos que enfrentou resistências nas duas casas.
Sem qualquer discussão com parlamentares e governadores, o presidente tentou aprovar de afogadilho temas complexos como uma reforma trabalhista, uma minirreforma tributária e privatizações de empresas emblemáticas do país, além de pedir para governar por dois anos sem aval do Congresso em onze áreas.
Este segundo pacote é mais modesto. Na Câmara, Milei já conseguiu liberadade para tomar medidas sem o aval dos parlamentares em quatro áreas, além de autorização para privatizar empresas como as Aerolíneas Argentinas e, o que é mais importante para as centrais sindicais, uma reforma trabalhista.
Embora não tenha avançado a retirada da obrigatoriedade do imposto sindical, passaram artigos que o governo justificou como ferramentas para agilizar contratações, mas que o sindicalismo vê como precarização do trabalho.
Entre eles, há um que permite a microempreendedores (similares aos MEIs no Brasil) contratar até cinco pessoas sem um vínculo empregatício formal.
O período de experiência de novos contratados foi estendido de três meses para até um ano, e também foram eliminadas as multas por trabalho não registrado, incentivando o mercado informal.
Por enquanto, as manifestações convocadas pelo sindicalismo só contaram com a adesão de militantes, sem um apoio maciço da população, como ocorreu na marcha estudantil em defesa da educação pública.
No entanto, até os economistas mais otimistas preveem que será um ano difícil, com aumento do desemprego e da pobreza.
Nesse contexto, os sindicatos se posicionam como porta-vozes das insatisfações atuais e futuras. Milei e vários ministros já declararam publicamente que não temem esse movimento.
Hoje, não há motivo para preocupação. Daqui a seis meses, no entanto, o cenário poderá ser outro.