Partidos de ultradireita ganham força nas eleições em Portugal e outros países europeus
Resultados mostram crescimento de siglas anti-imigração e colocam em alerta partidos tradicionais da Europa
Thiago Ferreira
O crescimento dos partidos de ultradireita marcou as eleições realizadas neste fim de semana em diversos países da Europa. Um dos destaques foi Portugal.
Segundo os jornais locais, o resultado das eleições gerais portuguesas, a terceira em apenas três anos, foi comparado a um "terremoto" político. “Pior cenário impossível”, comentou uma eleitora, refletindo a apreensão de parte do eleitorado.
Por outro lado, teve quem comemorasse o novo cenário. “Acabou o bipartidarismo em Portugal”, declarou o líder do Chega, partido de ultradireita que tem pautas anti-imigração.
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O Chega consolidou sua força política no país que abriga a maior comunidade brasileira da Europa. Com 58 deputados eleitos e 22,56% dos votos, o Chega praticamente empatou com o Partido Socialista, que teve o mesmo número de cadeiras e 23,38% dos votos. A Aliança Democrática, de centro-direita e liderada pelo atual primeiro-ministro Luís Montenegro, ficou em primeiro lugar com 89 deputados (32,72%), mas ainda longe dos 116 necessários para formar um governo sozinho.
No Reino Unido, pesquisas indicam que, se as eleições fossem hoje, um partido de ultradireita poderia vencer pela primeira vez.
Na Romênia, o candidato presidencial anti-União Europeia e admirador de Donald Trump foi ao segundo turno, mas perdeu para o centrista e atual prefeito de Bucareste, Nicusor Dan, que obteve 54,2% contra 45,8%.
Na Polônia, a disputa pela presidência foi ainda mais acirrada. O ultranacionalista e também opositor da União Europeia passou ao segundo turno com 29,5 dos votos, apenas dois pontos atrás do liberal da direita moderada, que obteve 31,3%.
Enquanto um promete calma e ações contra o extremismo, o outro quer combater a imigração e confrontar diretamente a União Europeia.
Para os partidos tradicionais, o problema não é a diversidade política, mas a ascensão de visões extremistas. Esse termo é usado até pelo serviço de inteligência da Alemanha para classificar o AfD, partido anti-imigração do país.
O AfD tem ligação com grupos neofascistas, como os que marcharam pelas ruas de Paris neste fim de semana, em cenas que chamaram a atenção de toda a Europa.