Papa Francisco excomunga arcebispo ultraconservador por 'cisma'
Carlo Maria Viganò pediu a demissão do pontífice em 2018 e enviou carta de apoio a Trump em meio a manifestações pela morte de George Floyd

Emanuelle Menezes
O Vaticano anunciou, nesta sexta-feira (5), que excomungou o arcebispo Carlo Maria Viganò, ultraconservador italiano que rejeitava a autoridade do papa Francisco. Ele foi acusado de cisma pela Santa Sé.
O arcebispo ficou famoso, principalmente na extrema-direita mundial, ao pedir a demissão do papa em 2018. Ele publicou uma lista de acusações sobre a gestão de Francisco à frente da Igreja Católica em um portal ultraconservador católico.
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O italiano enviou ainda, em 2020, uma carta de apoio a Donald Trump, então presidente dos EUA, em que criticava as manifestações ocorridas após a morte de George Floyd, assassinado por policiais durante uma abordagem racista. Segundo ele, a comoção mundial fazia parte de uma "conspiração política".
Segundo nota divulgada pelo Vatican News, portal de notícias mantido pela Santa Sé, "são conhecidas as suas declarações públicas da qual resulta a sua recusa em reconhecer e sujeitar-se ao Sumo Pontífice, da comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos e da legitimidade e da autoridade magisterial do Concílio Ecumênico Vaticano II".
Em 20 de junho, Viganò foi convocado para responder às acusações e tinha até o dia 28 para nomear um advogado. Como isso não aconteceu, um defensor público o representou. Na quinta-feira (4), o Dicastério para a Doutrina da Fé encerrou o processo, declarando o arcebispo culpado de cisma e excomungado.
Antigo núncio (uma espécie de embaixador) da Igreja Católica nos Estados Unidos, Viganò agora está proibido de celebrar a Missa e outros sacramentos. Ele também está impedido de exercer cargos ou funções eclesiásticas e de celebrar cerimônias religiosas.