O que aconteceu com o urânio do Irã após ataques americanos?
Autoridades iranianas alegam ter removido material nuclear antes dos bombardeios, enquanto Pentágono fala em destruição extrema de instalações

Emanuelle Menezes
Os ataques dos Estados Unidos às instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan, no Irã, neste sábado (21), levantaram uma nova série de questionamentos sobre o destino do urânio enriquecido e das centrífugas utilizadas no programa nuclear iraniano. A ofensiva militar, batizada de "Martelo da Meia-Noite", foi uma das mais complexas já realizadas pelos EUA, disse o Pentágono.
Em entrevista após o bombardeio, o general da Força Aérea Dan Caine, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, afirmou que "as análises iniciais indicam que todos os três locais sofreram danos e destruição extremos".
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Antes do ataque, imagens de satélite já indicavam movimentações em Fordow, incluindo túneis de entrada preenchidos com terra e caminhões estacionados ao redor da instalação – possivelmente como parte de um esforço de contenção ou evacuação.
Fontes iranianas afirmaram à agência de notícias Reuters que o material nuclear havia sido removido antes da ofensiva. O porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã, Behrouz Kamalvandi, e Mohsen Rezaei, ex-comandante da Guarda Revolucionária, disseram que o país antecipou os ataques e retirou o urânio e os equipamentos sensíveis dos locais que foram alvos dos bombardeios americanos.
Segundo uma autoridade do Irã, o número de trabalhadores na usina de Fordow também foi reduzido ao mínimo antes do bombardeio.
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Ainda antes da operação militar, o Irã havia comunicado a existência de uma nova instalação de enriquecimento, em um terceiro local não especificado. A revelação amplia o mistério sobre a real extensão do programa nuclear iraniano e dificulta os esforços de monitoramento internacional.
A pesquisadora sênior do Royal United Services Institute (RUSI), Darya Dolzikova, especializada em não proliferação nuclear, alertou que "ainda há dúvidas sobre onde o Irã pode estar armazenando seus estoques já enriquecidos... já que estes certamente foram movidos para locais protegidos e não divulgados, longe de potenciais ataques israelenses ou norte-americanos".
*com informações da Associated Press