Negociações entre Rússia e EUA para acabar com guerra na Ucrânia terminam sem avanços
Proposta de paz não agradou presidente Vladimir Putin, que ainda deve acertar termos e exigências


Camila Stucaluc
As negociações entre Estados Unidos e Rússia para acabar com a guerra na Ucrânia, realizadas na terça-feira (2), terminaram sem avanços. Segundo o enviado especial norte-americano Steve Witkoff, a reunião com o presidente Vladimir Putin durou cerca de cinco horas, encerrando-se de forma construtiva, mas com pontos ainda a serem acertados.
O diálogo é baseado em uma proposta de paz feita por Washington. O texto original elencava 28 pontos, sendo majoritariamente favorável às demandas russas. Esse número caiu para 19 em novembro, após negociações entre autoridades norte-americanas e ucranianas, que estipularam exigências mais equilibradas para ambos os lados.
O texto, no entanto, não agradou totalmente Putin, que discorda de alguns pontos. "Algumas das propostas americanas parecem mais ou menos aceitáveis, mas precisam ser discutidas. Algumas das palavras que nos foram propostas não combinam conosco. Então, o trabalho continuará”, disse Yuri Ushakov, conselheiro sênior do presidente russo.
Um dos pontos citados pelo assessor foi a questão dos territórios — isto é, regiões ucranianos atualmente controladas pelo exército russo. A proposta apresentada pelos Estados Unidos é que haveria negociação a partir da linha de frente, retirando o direito de Moscou pelas regiões, como proposto no texto original. Sem fornecer detalhes, Ushakov disse que o governo russo não viu um compromisso para “solucionar a crise”.
"Não discutimos formulações específicas, propostas americanas específicas, mas sim a essência do que está contido nesses documentos americanos. Não posso divulgar os pontos principais desses documentos. Todos eles se referem a uma solução pacífica de longo prazo para a crise na Ucrânia”, disse Ushakov, reforçando que algumas ideias norte-americanas são aceitáveis para a Rússia e outras não.
Apesar da reunião terminar sem avanços, o conselheiro presidencial afirmou que os países não se distanciaram na questão da resolução do conflito. Segundo ele, as delegações continuarão em contato para negociações, com um possível encontro de Putin e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Os colegas [delegação norte-americana] voltarão para casa. Eles discutirão as questões levantadas hoje. E então, acredito, entrarão em contato conosco por telefone e continuaremos a discussão. Um encontro entre Putin e Trump depende do progresso a ser feito nesse caminho: trabalharemos arduamente e persistentemente por meio de assessores e especialistas do Ministério das Relações Exteriores”, disse Ushakov.









