MP da Espanha recorre de decisão que possibilita liberdade condicional para Daniel Alves
Ex-jogador foi condenado a 4 anos e 6 meses de prisão por estupro; MP aponta alto risco de fuga
O Ministério Público de Barcelona recorreu da decisão judicial que possibilita a liberdade condicional, mediante ao pagamento de fiança de 1 milhão de euros, de Daniel Alves. Em recurso apresentado na noite dessa sexta-feira (22), o órgão defendeu que existe o risco alto de fuga, motivo pelo qual o ex-jogador foi preso preventivamente há um ano.
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"Existe um alto risco de fuga, que entendemos que não pode ser mitigado com as medidas alternativas estabelecidas, tendo em vista a falta de raízes do senhor Alves em nosso país (Espanha), e as raízes existentes em seu país de origem, o Brasil, um país que não extradita seus cidadãos em crimes de agressão sexual, e dada a sua alta capacidade econômica e a de seu entorno", disse o ministério, em nota enviada à EFE.
Daniel Alves foi condenado em primeira instância, no dia 22 de fevereiro, a 4 anos e 6 meses de prisão por estuprar uma mulher na boate Sutton, em Barcelona, em dezembro de 2022. A defesa do ex-lateral-direito recorreu da sentença e entrou com um pedido de liberdade provisória, que foi acatado pela Justiça na última quarta-feira (20).
Na decisão, os juízes afirmaram que não há mais risco de fuga de Alves ou de repetição do crime. Eles determinaram, no entanto, que para ser solto, o ex-jogador deverá cumprir alguns critérios, além de pagar a fiança: entregar os passaportes (brasileiro e espanhol), não se comunicar com a vítima e comparecer semanalmente ao Tribunal de Barcelona.
Agora, Alves está em busca de meios financeiros para pagar a fiança, já que enfrenta um processo judicial no Brasil e está com os bens bloqueados. Inicialmente, havia boatos de que o ex-jogador receberia ajuda do pai de Neymar, que o ajudou nos custos para redução da pena com o envio de 150 mil euros para o pagamento de uma indenização à vítima.
Os rumores foram rejeitados pelo pai de Neymar, que afirmou que o assunto não compete a ele e nem ao filho. "Como é do conhecimento de todos, em um primeiro momento, ajudei Dani Alves, sem nenhum vínculo com qualquer processo. Neste segundo momento, em que a justiça espanhola já decidiu pela condenação, estão especulando e tentando associar o meu nome e do meu filho a um assunto que hoje não nos compete mais", disse.
Em entrevista ao programa de rádio El món a RAC1, a advogada da vítima, Ester García, criticou a possibilidade de liberdade condicional autorizada pela justiça espanhola, classificando-a como "escândalo". Ela disse que "parece que está sendo feita justiça para os ricos" e afirmou que irá recorrer.
Relembre o caso
Daniel Alves foi preso preventivamente em Barcelona no dia 20 de janeiro de 2023, acusado de ter estuprado uma jovem de 23 anos na boate de luxo Sutton. Na denúncia, a vítima afirmou que, na noite dos fatos, estava na área VIP da casa noturna com amigas e que o ex-atleta a conduziu a um segundo local, alegando ser outra área VIP. No entanto, ela foi trancada em um banheiro, onde foi agredida e abusada pelo atleta.
Desde o ocorrido, Daniel Alves apresentou cinco versões distintas sobre o incidente, sendo de forma oficial a Justiça ou não, negando o crime em todas elas:
Primeira versão
Inicialmente, o ex-jogador declarou publicamente não conhecer a vítima. Ele chegou a dar uma entrevista a uma emissora de televisão afirmando que nunca desrespeitaria o espaço de uma mulher e chegou a publicar um vídeo em suas redes sociais afirmando não conhecer a moça.
Segunda versão
Em janeiro de 2023, Daniel mudou a versão. Portais da Espanha noticiaram que o brasileiro admitiu à Justiça ter encontrado a mulher no banheiro, mas alegando que não havia feito nada, apenas ter ficado sem reação.
Terceira versão
A terceira versão, apresentada pela defesa em fevereiro do mesmo ano, afirmava que houve relação sexual oral, alegadamente consensual.
Essa declaração foi feita quando a defesa entrou com recurso pela liberdade do ex-atleta. Em informações do jornal El País, a mulher teria ido em direção a ele "se jogando", e ele não teria feito nada.
Quarta versão
Em abril do mesmo ano, em novo depoimento oficial, Daniel Alves confirmou a relação sexual com penetração, mantendo a alegação de consentimento.
Quinta versão
A última versão, apresentada pela advogada durante o julgamento, alega que o ex-jogador estava embriagado e sem plena consciência do que fazia. Essa versão deve ser usada por ele como última versão no julgamento.