México deve eleger a primeira mulher presidente no domingo
A candidata governista, Claudia Sheinbaum, é a favorita para assumir o cargo. Na segunda colocação está a opositora Xóchitl Gálvez
A disputa eleitoral que ocorre neste domingo (2) no México deve resultar na eleição da primeira mulher presidente da história do país.
A favorita é a governista Claudia Sheinbaum, do partido de esquerda MORENA. Segundo as últimas pesquisas eleitorais, ela tem cerca de 54% da preferência do eleitorado.
Em segundo lugar, aparece a opositora, Xóchitl Gálvez, que tem aproximadamente 36% e é filiada ao partido de centro-direita PAN.
Quem tem uma pequena chance de mudar esse cenário é o terceiro colocado na disputa, Jorge Álvarez Máynez (Movimento Cidadão), que registrou 10%.
Os dados das pesquisas foram divulgados pelo jornal El País. Não há segundo turno nem reeleição para a presidência mexicana.
A eleição deste ano deve envolver cerca de 98 milhões de cidadãos. É a maior de todos os tempos. O país é a segunda maior economia da América Latina.
Ao contrário do que ocorre em boa parte do mundo, como no Brasil, Argentina e nos Estados Unidos, não há uma candidatura de extrema-direita no país.
“O México tem conseguido se blindar deste movimento de extrema-direita que a gente tem visto, sobretudo, na América Latina”, diz o analista político Thiago Vidal, diretor da empresa Prospectiva.
Desde 2018, o México é governado por Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO e fundador do partido MORENA. Foi ele quem lançou Sheinbaum para sua sucessão.
“É uma candidata muito menos carismática do que o AMLO. Realmente está surfando na popularidade não só dele, mas de seu governo. É uma candidata com perfil muito respeitado: uma cientista, uma acadêmica, uma física com trajetória pelo poder público também”, diz o analista político Vidal.
Relação Brasil-México
Independentemente de quem ganhe, a relação entre Brasil e México pouco deve ser afetada. Comercialmente, o relacionamento é tímido.
O México é o décimo parceiro comercial brasileiro. A balança comercial entre os dois países atingiu cerca de 10,6 bilhões de dólares no ano passado.
O valor representa cerca de 5% da balança comercial brasileira. O grande parceiro comercial do México são os Estados Unidos, enquanto que o do Brasil é a China.
“Não vejo a vitória seja da Sheinbaum ou da Xóchitl, mudando o panorama”, diz Vidal.
Além disso, desde 2018, AMLO pouco se relacionou internacionalmente.
“Ele fez um governo muito endógeno. Nos últimos seis anos, viajou menos de dez vezes para outros países. A política externa foi conduzida pela chancelaria”.
Nesse cenário, para Vidal, o México acaba tendo mais um papel de líder da América Central e do Caribe, do que da América Latina, enquanto que o Brasil acaba tendo um papel de liderança da América do Sul.
Na visão desse analista, há um esforço do governo brasileiro de se aproximar, com uma possível visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Cidade do México até o fim do ano.
Imigração para os EUA
A questão da imigração terá um lugar de destaque na agenda política mexicana. Esse será um dos principais desafios enfrentados por quem vencer as eleições presidenciais.
Para o analista político Thiago Vidal, da Prospectiva, as presidenciáveis favoritas discutem o tema mais como uma questão social do que como um debate sobre fluxo migratório.
“Elas entendem que para evitar a intensificação do fluxo migratório com destino aos Estados Unidos é preciso atacar as questões estruturais que explicam porque as pessoas migram com direção aos Estados Unidos: a desigualdade, a pobreza, a falta de oportunidade, o baixo salário”.
Além da presidência, há outros 20.707 cargos em disputa. Entre eles, estão 128 cargos de senadores, 500 de deputados, oito de governadores de estados (Chiapas, Guanajuato, Jalisco, Morelos, Puebla, Tabasco, Veracruz e Yucatán), assim como o de governador da sede da Cidade do México.
O novo mandato presidencial inicia em dezembro deste ano.