Kamala Harris faz discurso de encerramento de campanha na capital americana

Washington DC - As onze da manhã, vendedores de camisetas, bonés e outras lembranças de campanha começaram a se posicionar na rua 17, perto da Casa Branca. A poucos metros dali está o lugar escolhido pela campanha Democrata para o discurso final de Kamala Harris. A Elipse é uma área verde que fica atrás da residência oficial e do escritório do presidente americano. O local é normalmente aberto ao público, mas nesta terça-feira (29), a segurança foi reforçada.

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No local onde os discursos aconteceriam dali a algumas horas, um palco com os dizeres “liberdade” em azul, a cor dos Democratas. Os primeiros a discursar, no fim da tarde, logo após o pôr do sol, foram cidadãos comuns. Um casal, no palco, contou a história de como uma gestação deles chegou ao fim. “Em 2021 estávamos emocionados em saber que teríamos uma menina. Na décima oitava semana eu tive complicações graves. Estávamos cem por cento certos que iríamos perder nosso bebê. Sabíamos que precisaríamos de um aborto para entrega-la em dignidade e segurança e então começar nosso processo de cura”, disseram. A americana, que estava grávida, descreveu então que, na época, os médicos do Texas a fizeram esperar até o momento em que a vida dela estivesse em risco para fazer o procedimento. A jovem relatou que chegou a ir para a UTI. O casal culpa as leis anti aborto do estado texano pelo ocorrido e afirmou que Trump, se eleito, vai banir a interrupção da gravidez em todo o pais.

Este é um tema sensível entre a população americana e que foi tratado no único debate realizado entre os dois candidatos. Trump, naquele evento televisionado, disse que defende que os estados decidam o que fazer em relação ao aborto - como é hoje - e que ele, particularmente, acha que casos de violência e de risco para a mãe devem ser autorizados. Também é fato que o direito nacional ao aborto foi revertido em 2022 por uma Suprema Corte de maioria conservadora após a indicação de nomes escolhidos na gestão passada.

Outro americano que discursou foi um pequeno empresário de Atlanta. “É preciso mais que trabalho duro para começar um trabalho. É preciso muito dinheiro”, disse o americano afirmando que Kamala Harris é uma “campeã para negócios pequenos”.

Os discursos que se seguiram pareceram escolhidos a dedo pela campanha para lembrar o eleitor do que ele, segundo os Democratas, pode perder. “Embora meu filho tenha diabetes ele se encaixa num plano de saúde oferecido pelo governo”, disse uma mãe ao afirmar que o oponente de Kamala Harris quer tirar este direito ao revogar uma lei.

Uma médica de Atlanta e que cresceu em uma cidade pequena do Mississipi onde a mãe ainda vive, disse que sabe das preocupações da família: “o preço dos alimentos, dos remédios e contas a pagar”, mas ela disse que sua família também fala “da esperança que Kamala Harris traz”. Um dos últimos a discursar antes da vice-presidente foi o irmão de um policial que faleceu em janeiro de 2021, durante a invasão do Capitólio. “Brian morreu defendendo o país”, disse o americano. “Trump quer soltar os invasores e isso é errado”, completou.

Chamar ao medo de que algo parecido aconteça uma segunda vez parece ter sido o grande motivador para a escolha do local do comício. Foi ali que o ex-presidente americano e agora candidato discursou no dia em que o Capitólio foi invadido. Trump afirma que não ordenou a invasão. Argumento que é parte de um processo criminal que investiga o episódio.

“Este será o voto mais importante e esta é uma eleição que é mais que uma escolha entre dois partidos e dois candidatos diferentes. É uma escolha entre ter um país governado em liberdade para todo americano ou governado pelo caos e divisão”, disse Kamala Harris, no começo do discurso. A democrata também disse: “Em uma semana, vocês farão a decisão que vai impactar diretamente a vida de vocês, a vida da família de vocês e o futuro deste país que nós amamos”.

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Harris ainda afirmou que muitos que estavam ali já votaram, mas que também sabe que outros tantos não estão seguros em quem votar ou se vão exercer este direito. A vice-presidente, que tenta chegar à posição de primeira presidente mulher dos Estados Unidos, concluiu: “Nunca deixei de acreditar que no nosso país qualquer coisa é possível. Eu vivi a promessa da América e vejo a promessa da América em todos vocês. Eu vejo.”