Israelenses protestam pela volta de sequestrados pelo Hamas; veja vídeo
SBT News foi à Praça dos Reféns, em Tel Aviv, para acompanhar manifestação por causa que se estende desde outubro de 2023
Tel Aviv, Israel – Na chegada ao aeroporto internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, uma frase escrita com letras grandes, em inglês, chama atenção: “Bring Them Home Now” (“traga-os para casa agora”, em português). A capital de Israel abre as portas com uma coleção de fotos de israelenses e estrangeiros feitos reféns por terroristas do grupo Hamas.
Apelo por libertação
Os rostos dos cerca de 250 sequestrados estão espalhados pelo país. Mas a lembrança de todos eles fica ainda mais viva em um local específico: a chamada “Praça dos Reféns”, na região central de Tel Aviv.
Desde o início do conflito, o local é palco de reuniões de parentes e amigos daqueles que foram levados à força de Israel para a Faixa de Gaza. As simbologias naquele lugar são muitas: a mesa posta, empoeirada, à espera de que quem deveria se sentar, mas está quase oito meses atrasado.
As cadeiras vazias no meio da praça, muitas delas acomodando ursinhos de pelúcia sem donos. Um túnel escuro, cheio de imagens dos reféns, simulando uma possível situação vivida por boa parte deles na rede subterrânea de Gaza.
A atmosfera fica ainda mais angustiante com a música ambiente sóbria, de melodia triste. Um cenário montado pra um sofrimento que já dura 238 dias.
“Contar os dias agora é inútil. Já foram dias demais. Eles tinham que estar aqui pra ontem”, disse ao SBT News a israelense Liad Gross, instrutora pedagógica de jovens, que pede a libertação do amigo Eitan e do irmão dele, Iair — ambos sequestrados no kibutz Nir Oz, no sul de Israel.
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“O governo deveria aceitar qualquer acordo que fosse proposto e trazê-los de volta. Pra mim, a guerra não termina com o fim do Hamas, mas com a volta dos reféns”, completa Liad.
O professor universitário Tal Svoray não tem parentes ou amigos entre os sequestrados, mas foi à manifestação para dar apoio às famílias que estavam lá.
“Essas pessoas que foram capturadas são as mais preciosas do mundo pra quem está aqui. Acho que as famílias precisam receber toda a ajuda necessária para tirá-las de lá, de qualquer jeito, não importa a maneira”, disse ele.
Situação dos reféns
Alguns dos sequestrados foram declarados mortos. Muitos outros conseguiram retornar a Israel após o primeiro e único acordo de cessar-fogo aprovado até o momento, ainda em novembro de 2023.
Israel tem uma nova chance de avançar nas negociações. Segundo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, um plano israelense de três etapas está na mesa e propõe, em um primeiro momento, a pausa nos bombardeios por seis semanas, a retirada das tropas de Israel das áreas mais povoadas da Faixa de Gaza e a libertação de parte dos reféns israelenses em troca da soltura de presos palestinos.
A proposta foi apresentada pelo Catar ao Hamas. Lideranças do grupo palestino já disseram que enxergam o plano com bons olhos. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por sua vez, manifestou apoio na primeira declaração, mas afirmou que a guerra só vai terminar quando o Hamas for eliminado completamente. Estados Unidos, Egito e Catar pediram pra que ambas as partes envolvidas no conflito aceitem o acordo.
Manifestação
A poucos metros da “Praça dos Reféns”, um grupo grande de pessoas se reuniu, neste sábado (1º), em protesto contra o governo israelense presenciado pelo SBT News.
Muitos manifestantes pediam a renúncia de Netanyahu. Outros falam na dissolução do Parlamento e antecipação das eleições.
Em meio à crescente pressão externa e interna, parlamentares de extrema-direita ameaçaram romper com o premiê de Israel — medida que, na prática, derrubaria o governo. Para se manter no poder, Netanyahu é quem pode derrubar, mais uma vez, a esperança dos que aguardam, exaustos, pela volta dos reféns.
*Thiago Ferreira, editor de internacional do SBT viajou a Israel com um grupo de jornalistas brasileiros a convite da organização não-governamental StandWithUs Brasil