Investigação sobre queda de avião na Índia pode se estender por meses
Comandante brasileiro aponta perda de potência em dois motores como causa provável e levanta hipóteses sobre o acidente
Thiago Ferreira
As caixas-pretas do avião que caiu na Índia ainda não foram localizadas, e a investigação sobre as causas do acidente pode se estender por meses.
O SBT News conversou com o comandante Decio Corrêa, presidente do Fórum Brasileiro de Transporte Aéreo e da Associação Brasileira de Manutenção Aeronáutica, para entender melhor o que pode ter acontecido.
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Segundo ele, a principal causa do acidente parece ter sido uma perda de potência nos dois motores.
"Foi realmente uma perda de potência nos dois motores. Ele não teve potência pra continuar voando. Se ele tivesse perdido um motor totalmente, pra um 787 Dreamliner, isso significa nada. Ele decolaria tranquilo, circularia e pousaria porque não pode prosseguir um voo monomotor. Então, a perda de um motor... toda aeronave bimotor voa tranquilamente com um motor só, incluindo a decolagem", explicou o comandante.
Questionado sobre o motivo da falha em ambos os motores, o especialista apontou duas hipóteses que, segundo ele, serão exploradas durante as investigações.
"Não podemos ir para outro lado que não seja o terreno das hipóteses: é um problema do automatismo da aeronave que, por uma razão desconhecida — que vai ser descoberta na investigação — não conseguiu acelerar para a potência de decolagem. A potência que foi determinada, que pode ser 75%, 80% ou 100%, dependendo de pista, de temperatura, de pressão, de comprimento da pista e por aí vai..."
A segunda possibilidade, considerada remota, mas possível, seria o uso de combustível contaminado.
"Eu pessoalmente já tive combustível contaminado na minha aeronave, que, graças a Deus, eu sobrevivi. Mas, quando você tem um combustível contaminado, você não consegue tirar desse combustível a potência necessária. É como você, na gasolina do seu carro, jogar uns litros de água...", completou Corrêa.