Instituto Butantan produziu veneno para ditadura chilena assassinar opositores
Pablo Neruda pode ter sido uma das vítimas, segundo investigação da Agência Pública
O Instituto Butantan tornou-se alvo de investigações relacionadas à ditadura chilena. A investigação busca envolvimento na produção de veneno usado para eliminar opositores do regime militar. Uma das pessoas que pode ter sido vítima desse envenenamento é o poeta Pablo Neruda, cuja morte, em 1973, é reavaliada pela Justiça do Chile após encontrarem toxina botulínica em seus restos mortais. Essa descoberta fortaleceu a antiga teoria de que Neruda foi assassinado pela ditadura de Augusto Pinochet.
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Em fevereiro de 2024, a Justiça chilena ordenou uma nova investigação sobre a morte de Neruda, revelando uma possível conexão entre o Instituto Butantan e a ditadura de Pinochet. Documentos obtidos mostram que a toxina utilizada em um presídio chileno era originária do Brasil, sendo o Butantan o único local a produzir o soro antibotulínico no país. Esses documentos também mostram a proximidade do instituto com os militares brasileiros e chilenos, incluindo visitas de altos oficiais ligados a Pinochet à sede do Butantan em São Paulo.
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Além das suspeitas relacionadas à morte de Neruda, outro episódio ilustra o possível uso de toxinas brasileiras para eliminar opositores políticos no Chile. Em 1981, na Cárcel Pública de Santiago, um grupo de presos políticos foi envenenado após um almoço, resultando em duas mortes e graves sequelas nos sobreviventes. A investigação concluiu que a toxina botulínica, originada no Brasil e enviada ao Chile via malote diplomático, foi introduzida na comida dos presos, evidenciando uma cooperação entre instituições científicas e regimes autoritários.
O Chile costumava usar toxinas para matar os opositores. Em 2008, a cientista chilena Ingrid Heitmann Ghigliotto encontrou no porão do Instituto de Saúde Pública do Chile , onde era diretora, duas caixas com ampolas de toxinas botulínicas provenientes do Instituto Butantan, uma quantidade, segundo ela, suficiente para “exterminar metade de Santiago”.
A então diretora mandou destruir as substâncias. “Não pensei que pudessem ser importantes para um processo judicial”, explicou.
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