Agência atômica da ONU convoca reunião de emergência: “Instalações nucleares nunca devem ser atacadas”, diz Grossi
Após bombardeios dos EUA a três usinas nucleares no Irã, chefe da AIEA alerta para "situação de urgência" apesar de não haver indícios de vazamento de radiação

Marcela Guimarães
O diretor-geral da Agencia Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU, Rafael Mariano Grossi, informou neste domingo (22) que está convocando uma reunião de emergência para segunda-feira (23), em Viena (Áustria), sede do órgão, à luz da "situação urgente" no Irã após os últimos ataques às instalações nucleares do país.
Os Estados Unidos entraram oficialmente na guerra entre Israel e Irã ao bombardear, no último sábado (21), as usinas nucleares de Natanz, Isfahan, e Fordow.
“Em vista da situação cada vez mais grave em termos de segurança e proteção nuclear, o Conselho de Diretores se reunirá em uma sessão extraordinária amanhã", disse Grossi.
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Assim como fez em sua declaração ao Conselho de Segurança das Nações Unidas na sexta-feira (20), o diretor-geral da AIEA reiterou seu apelo por contenção militar e “trabalho indispensável para” uma solução diplomática em relação ao enriquecimento de urânio pelo Irã.
“Tenho afirmado repetidamente que instalações nucleares nunca devem ser atacadas”, disse Grossi.
Segundo autoridades reguladoras iranianas não houve, até o momento, aumento nos níveis de radiação fora das usinas atingidas, após os ataques norte-americanos. “Até o momento, não prevemos quaisquer consequências para a saúde das pessoas ou para o meio ambiente fora dos locais alvos", afirmou Grossi.
De acordo com as informações mais recentes verificadas pela AIEA, os três locais visados pelos EUA continham material nuclear na forma de urânio enriquecido em diferentes níveis, o que pode causar contaminação radioativa e química sem precedentes caso vazem para fora das usinas.
“Até o momento, não prevemos quaisquer consequências para a saúde das pessoas ou para o meio ambiente fora dos locais alvos", afirmou Grossi.
O chefe da agência atômica reiterou que é necessário cessar as hostilidades entre Israel, EUA e Irã para que a AIEA possa retomar seu trabalho de inspeção no país, incluindo a verificação necessária sobre os estoque de urânio altamente enriquecido, acrescentou.