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Ataque dos EUA a usinas nucleares no Irã é ação inédita em 45 anos; entenda

Ponto de ruptura entre os dois países foi a Revolução Iraniana, em 1979, mas continuou marcada por conflitos indiretos desde então; relembre

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À esquerda, Donald Trump; à direita, chanceler iraniano, Abbas Araghchi | Reprodução/Flickr/Khalil Hamra/AP
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O ataque dos Estados Unidos, neste sábado (21), a três instalações nucleares no Irã marca a primeira vez, desde 1979, que os dois países se enfrentam em um confronto direto.

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No entanto, a ofensiva reacende um conflito que persiste de forma indireta desde o rompimento entre os dois países após a Revolução Iraniana.

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Confira a linha do tempo dos conflitos diretos e indiretos entre os dois países.

Revolução Iraniana e o rompimento com os EUA

O ponto de ruptura entre os dois países foi a Revolução Iraniana de 1979. Antes disso, o Irã era governado pelo xá Mohammad Reza Pahlavi, um aliado próximo dos Estados Unidos. Ele promovia um governo secular e pró-Ocidente, o que garantia apoio político e econômico de Washington.

Mas o xá enfrentava forte oposição interna por seu autoritarismo e pela desigualdade social. Essa insatisfação culminou em uma revolução popular que derrubou o regime e instaurou a República Islâmica, liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. A nova liderança era antiamericana e rompeu relações com Washington.

A crise escalou rapidamente quando, em novembro de 1979, estudantes iranianos invadiram a embaixada americana em Teerã e fizeram 52 diplomatas reféns.

O episódio, conhecido como Crise dos Reféns, durou 444 dias e simbolizou o início de uma era de hostilidade mútua.

Confrontos indiretos

Durante a década de 1980, o clima de tensão persistiu. Em meio à Guerra Irã-Iraque (1980–1988), os Estados Unidos passaram a apoiar o governo de Saddam Hussein, com o objetivo de enfraquecer o Irã. Esse apoio incluía envio de armas e informações de inteligência.

Mesmo sem declarar guerra ao Irã, os EUA realizaram ações militares pontuais. Em 1987, na Operação Nimble Archer, atacaram plataformas de petróleo iranianas após ataques a navios petroleiros no Golfo Pérsico. No ano seguinte, a Operação Praying Mantis afundou embarcações iranianas em resposta à explosão de minas navais.

O episódio mais trágico ocorreu em julho de 1988, quando um navio americano abateu um avião comercial iraniano (voo Iran Air 655), matando 290 pessoas. Os EUA alegaram que confundiram a aeronave com um caça militar.

Impasse nuclear

Nas décadas seguintes, o foco da rivalidade passou a ser o programa nuclear iraniano. O Ocidente acusa o Irã de tentar desenvolver armas atômicas, embora Teerã insista que seus projetos têm fins pacíficos.

Em 2015, após anos de negociações, foi firmado o acordo nuclear (JCPOA), que limitava o enriquecimento de urânio em troca do fim de sanções econômicas. Mas em 2018, Donald Trump, então presidente dos EUA, retirou o país do acordo, retomando sanções e aumentando a tensão.

Desde então, o Irã tem retomado suas atividades nucleares em ritmo acelerado, o que preocupa tanto os Estados Unidos quanto Israel – que considera a possibilidade de um Irã nuclear uma ameaça existencial.

Ataque de 2025

O ataque aéreo ordenado por Trump, que incluiu mísseis Tomahawk e bombas antibunker, mirou centros estratégicos do programa nuclear iraniano. Segundo o governo americano, a ofensiva tem o objetivo de impedir que o Irã chegue à bomba atômica.

A resposta iraniana ainda é incerta. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, declarou em uma coletiva de imprensa neste domingo (22), em Istambul, que "não há linha vermelha" que os Estados Unidos não tenham ultrapassado em suas ações recentes contra a República Islâmica.

"E a última, e a mais perigosa, foi o que aconteceu apenas na noite passada, quando cruzaram uma linha vermelha muito séria ao atacar exclusivamente instalações nucleares", afirmou, em referência aos bombardeios em três alvos nucleares do país.

Araghchi também afirmou que, embora a "porta da diplomacia" deva estar sempre aberta, "este não é o caso no momento".

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