Inflação eleva preços e Argentina deve ter menor consumo de carne bovina em 110 anos
Quilo de corte popular no país chega a custar mais de 8 mil pesos
Os altos índices de inflação registrados na Argentina alteram uma das principais tradições gastronômicas e culturais locais: o consumo popular de carne bovina. Uma projeção da Bolsa de Comércio de Rosário apontou que, se o patamar atual for mantido, o consumo da proteína em 2024 será o menor em 110 anos -- cerca de 40% abaixo da média histórica.
Mesmo em queda, a inflação segue acima de 100% ao ano no país, o que eleva o custo dos alimentos. Corte popular entre os argentinos, o chorizo tem o quilo comercializado por cerca de 8.500 pesos (o equivalente a R$ 50, na cotação atual), quantia elevada para uma realidade em que o salário mínimo é de 202.800 pesos (o equivalente a R$ 1.198, na cotação atual).
Vale lembrar que a média de carne bovina consumida por pessoa na Argentina se equipara à brasileira e supera o de países como os Estados Unidos e o Chile.
Diante desse cenário, os argentinos buscam alternativas. Presidente da Câmara de Indústria e Comércio de Carnes da Argentina, Michel Schiariti afirmou que o custo médio de um quilo de carne bovina permite a compra de mais de dois quilos de frango. "As pessoas decidem [o que comer] conforme seu poder de compra, que está mais baixo a cada mês", disse.
Gerardo Tomsin, proprietário de um açougue em Buenos Aires, notou a alteração no comportamento dos clientes: "Eles levam menos carne para casa e buscam constantemente preços mais baixos".