Incêndios recordes na Amazônia espalharam fumaça até São Paulo e Chile em 2024
Relatório da ONU alerta que poluição do ar ameaça milhões e pode piorar com as mudanças climáticas

Beto Lima
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), divulgou nesta quinta-feira (5) um relatório que mostra como os incêndios florestais de 2024 na Amazônia provocaram uma das maiores crises de qualidade do ar dos últimos anos.
A fumaça das queimadas, alimentadas por calor extremo e seca no norte da América do Sul, viajou longas distâncias e chegou a cidades como São Paulo, Santiago (Chile) e até regiões do Equador.
Segundo os cientistas, a principal preocupação é com as partículas minúsculas de até 2,5 micrômetros, conhecidas como PM2.5, que podem penetrar o sistema respiratório e permanecer suspensas no ar por dias.
“Os incêndios causaram uma degradação mensurável na qualidade do ar em locais distantes da Amazônia”, explicou Lorenzo Labrador, pesquisador da OMM que coordenou o estudo.
Mudanças climáticas
O relatório também destacou que a poluição por partículas deve aumentar com o avanço das mudanças climáticas. Além de prejudicar a saúde, os incêndios afetam ecossistemas, infraestrutura e agravam o aquecimento do planeta. Aerossóis escuros, como o carbono preto, absorvem calor e aceleram o derretimento de geleiras, enquanto outros mais claros, como sulfatos, podem provocar chuva ácida.
A vice-secretária-geral da OMM, Ko Barrett, fez um alerta: “As mudanças climáticas e a qualidade do ar não podem ser abordadas isoladamente. Os impactos não respeitam fronteiras nacionais”.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição atmosférica causa mais de 4,5 milhões de mortes prematuras por ano em todo o mundo.
O documento foi publicado para marcar o Dia Internacional do Ar Limpo para Céus Azuis, celebrado em 7 de setembro, e defende maior cooperação internacional no monitoramento da atmosfera e na prevenção de riscos climáticos.