Governo Trump desmantela políticas ambientais e fecha escritórios nos EUA
Decisão engloba 31 medidas que visavam conter a poluição e a aceleração do aquecimento global

Camila Stucaluc
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou as ações contra políticas ambientais. Na noite de quarta-feira (12), o governo anunciou a revogação de uma série de regulamentações e a reformulação da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês), comandada pelo ex-congressista de Nova York Lee Zeldin.
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A decisão engloba 31 medidas, incluindo as que limitavam as emissões de gases de efeito estufa para usinas de energia, bem como os padrões de emissões para veículos pesados e leves. Ambas as restrições visavam conter a aceleração do aquecimento global.
Outras anulações englobam o limite de fuligem de chaminés, que tem sido associado a problemas respiratórios e mortes prematuras, e medidas para proteger a qualidade da água. A chamada "política da boa vizinhança", que exige que os estados administrem sua própria poluição quando é levada para estados vizinhos, também será revogada.
As ações fazem parte da promessa de campanha de Trump de reduzir as regulamentações ambientais para impulsionar o setor da indústria. Em pronunciamento, Zeldin chamou a revogação de uma das “mais importantes da história norte-americana”.
“Desde a campanha até o primeiro dia e além, o presidente Trump cumpriu sua promessa de permitir a dominância energética. Nós, na EPA, faremos nossa parte para impulsionar o grande retorno americano. Hoje o novo golpe verde termina, enquanto a EPA faz sua parte para inaugurar uma era dourada de sucesso americano”, disse Zeldin.
Além das revogações, o chefe da EPA anunciou que a agência está eliminando todos os escritórios e cargos de diversidade e justiça ambiental. Disse, ainda, que a nova missão do órgão será “reduzir o custo de comprar um carro, aquecer uma casa e administrar um negócio”, em vez de proteger e melhorar o meio ambiente.
Grupos ambientais criticam decisão
As mudanças, que ainda precisarão passar por um processo regulatório, foram criticadas por grupos ambientais. A União de Cientistas Preocupados (UCS), por exemplo, condenou a medida, dizendo que Trump está tentando subverter a missão da EPA de proteger a saúde pública e o meio ambiente para impulsionar os interesses de bilionários.
“Essas ações têm como premissa níveis chocantes de mentiras e desinformação, parte de um ataque violento de destruição e propaganda proposital em todo o governo. Para as comunidades em todo o país, especialmente aquelas sobrecarregadas pela poluição ou agudamente expostas aos impactos climáticos e considerando os custos contínuos e crescentes, este é um dia horrível”, disse a entidade.
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Outro que se pronunciou foi Jason Rylander, diretor jurídico do Instituto de Direito Climático do Centro de Diversidade Biológica, dizendo que vai ao tribunal. “Essa medida não será aceita nos tribunais. Vamos combatê-la a cada passo do caminho”, frisou.