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Eleições nos EUA: quais foram as políticas de imigração de Biden e Trump

Centenas de deportações ocorreram durante os mandatos dos presidentes, mas com abordagens diferentes; questão é chave para muitos eleitores no país

Eleições nos EUA: quais foram as políticas de imigração de Biden e Trump
Trump (esq.) e Biden (dir.) se enfrentam em novembro de 2024 | Reprodução/Casa Branca/Shealah Craighead e Cameron Smith
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Logo após assumir a presidência dos Estados Unidos, Joe Biden comprometeu-se a encerrar o que ele descreveu como a "vergonha moral e ética" das políticas de imigração de seu antecessor, Donald Trump. Enquanto o republicano adotou uma abordagem rigorosa, o democrata prometeu um tratamento mais "humano".

Foram centenas de ações relacionadas à imigração implementadas desde o início de seu mandato, no entanto, Biden enfrenta críticas tanto de defensores da imigração, que consideram suas políticas ainda muito duras, quanto de adversários republicanos, que acreditam que ele não fez o suficiente. Trump, por sua vez, está concorrendo novamente à presidência, prometendo leis ainda mais severas.

Em seu discurso no último dia da Convenção Nacional do Partido Republicano, o ex-presidente disse que planeja a "maior deportação da história do país" caso seja eleito em 2024.

O SBT News conversou com Marcelo Gondim, advogado de imigração e fundador da Gondim Law Corp, que auxilia estrangeiros a obter residência legal nos Estados Unidos. Gondim explicou as diferenças e semelhanças entre as políticas de imigração dos dois presidentes.

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Segundo Gondim, durante o governo Trump, havia uma política fortemente anti-imigrante, marcada pela implementação de várias ações executivas, muitas das quais foram consideradas ilegais e posteriormente anuladas pelas cortes federais em todo o país.

Entre as ações implementadas estavam a Política de Tolerância Zero, que resultou na separação de famílias na fronteira entre os EUA e o México; a Proibição de Viagem, que impôs restrições de entrada para cidadãos de vários países de maioria muçulmana; e a tentativa de encerramento do DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals), um programa que protege jovens imigrantes trazidos aos EUA ainda crianças.

"Em contraste, o governo Biden buscou legalizar os mais de 12 milhões de imigrantes indocumentados nos Estados Unidos por meio de propostas legislativas, que, no entanto, não avançaram devido ao bloqueio dos republicanos no Congresso", explica.

"Além disso, a administração Biden reverteu diversas ordens executivas de Trump e criou programas humanitários semelhantes aos implementados durante a administração Obama. Por exemplo, o governo Biden revogou a Proibição de Viagem e protegeu o DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals)", continua.

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Gondim destaca ainda que várias mudanças foram implementadas pelo governo de Joe Biden em relação às políticas de imigração de Trump. Entre essas, destaca-se a reversão da ordem que tornava obrigatórias as entrevistas nos processos de green card por trabalho.

Segundo Gondim, essa ordem causou tumulto no sistema de imigração do país.

Green card por trabalho

"A política mais hostil em relação à imigração de maneira geral teve como consequência atrasos nos processos de green card por trabalho, incluindo aqueles para habilidades excepcionais (EB-2) ou extraordinárias (EB-1A), devido à implementação da entrevista obrigatória", explica.

"Por outro lado, o governo Biden promoveu mudanças no manual dos adjudicadores, favorecendo a aprovação de processos de green card para habilidades excepcionais (EB-2 NIW) para imigrantes empreendedores e/ou das áreas STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática)", pontua.

Direitos humanos

O advogado lembra também que Biden encerrou a prática de separação de filhos dos pais nas fronteiras.

Sob o programa de tolerância zero para imigração ilegal implementado por Donald Trump, os EUA começaram a separar as crianças de seus pais em maio de 2018. O plano foi concebido para conter o fluxo crescente de imigrantes sem documentos, a maioria deles famílias da América Central e levou à separação de 2.700 crianças de seus pais.

"Biden aboliu todas essas medidas e ainda criou um novo programa para reunificar famílias, permitindo que cônjuges de cidadãos americanos que entraram ilegalmente no país possam aplicar para residência permanente sem a necessidade de sair para uma entrevista na embaixada americana em seus países de origem. Esse programa (PIP) já existia para imigrantes que cruzaram a fronteira e têm parentes, como membros do serviço militar", esclarece.

Gondim afirma ainda que a política de Trump levou à perseguição de imigrantes indocumentados com a ajuda das polícias locais de alguns estados — a maioria comandada por republicanos. Além disso, foram emitidas várias proclamações de inadmissibilidade de certos grupos étnicos, como o banimento de muçulmanos.

Biden, explica Gondim, também implementou políticas de imigração, contudo, bastante divergentes das de Trump.

Políticas de imigração

"Sob o governo Trump, houve uma ampliação dos critérios de deportação, visando não apenas imigrantes com antecedentes criminais graves, mas também aqueles sem registros criminais, refletindo uma política de tolerância zero e uma aplicação rigorosa das leis de imigração. Isso incluiu a separação de famílias na fronteira e a intensificação das operações do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos) para detenção e deportação, muitas vezes através de raids em locais de trabalho e comunidades", diz.

"Em contrapartida, o governo Biden reorientou os recursos do ICE para focar em ameaças à segurança nacional, segurança pública e segurança fronteiriça.Ou seja, Biden tem procurado priorizar os criminosos para deportação pelas cortes de imigração", avalia Gondim.

Segundo o advogado, a política de deportação em massa promovida por Trump levou a mais de 3 milhões de casos para 600 juízes de imigração.

Deportações

Um levantamento feito pela Reuters mostra que o governo de Joe Biden caminha para deportar mais pessoas que o governo de Donald Trump, que deportou 1,5 milhão. Os números do republicano também são inferiores aos do governo Obama, que deportou 2,9 milhões e 1,9 milhão em seus dois mandatos.

Segundo Gondim, a análise somente dos números pode trazer uma visão equivocada da situação real, já que o número de imigrantes que tentaram cruzar a fronteira no governo Trump foi menor do que os enfrentados tanto por Biden quanto Obama.

"Desde que a política do Título 42, implementada pelo governo Trump para expulsar automaticamente migrantes sem documentação que tentam entrar no país, foi encerrada em maio de 2023, as autoridades de Biden deportaram ou devolveram aproximadamente 500.000 pessoas para o México e outros países", comenta.

"Este número excede as médias anuais sob o governo Trump. No entanto, os números mais altos de deportações sob Biden refletem, em parte, o aumento significativo no número de travessias ilegais pros EUA", pontua.

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