Eleições nos EUA: debate de vices é morno, focado em ataques contra cabeças de chapa
Classificado como cordial, embate entre J.D Vance e Tim Walz focou em questões domésticas e deve ser o único antes da eleição presidencial
Tim Walz e J.D Vance, parceiros de chapa de Kamala Harris e do ex-presidente Donald Trump, respectivamente, realizaram o primeiro e único debate vice-presidencial desta eleição nos Estados Unidos na noite de terça-feira (1). O embate foi classificado como 'estranhamente cordial' pela mídia americana, com os candidatos concentrando a maior parte de seus ataques não em seus rivais no palco, mas em seus respectivos candidatos presidenciais.
O senador de Ohio, J.D Vance, no entanto, parecia mais confortável e conseguiu desde o início dominar questões importantes para os republicanos, enquanto Walz estava visivelmente nervoso no primeiro quarto, mas fez a pergunta mais direta do embate: se Vance reconhecia a derrota de Trump em 2020. Ele ficou sem resposta.
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Veja abaixo os pontos principais do debate:
Aborto
Principal questão para os democratas, o acesso ao aborto e os direitos reprodutivos foram um dos tópicos no qual Walz pressionou o senador de Ohio. Enquanto Vance tentava justificar que a abordagem de 'leis estaduais' é ideal para os EUA — ele fez campanha pela proibição nacional —, Walz respondeu que um “direito básico” de uma mulher não deveria ser determinado “pela geografia”.
“Esta é uma proposição muito simples: estas são decisões das mulheres,” disse Walz. “Nós confiamos nas mulheres. Nós confiamos nos médicos.”
Mudança climática
O embate acontece a menos de cinco semanas da eleição nacional, marcada para 5 de novembro e no momento em que o furacão Helene deixa mais de 150 mortes no país durante sua passagem violenta pela Flórida e Carolina do Norte. O tema das mudanças climáticas tomou um foco doméstico entre os candidatos.
Enquanto Vance respondeu a uma pergunta sobre mudança climática falando sobre empregos e manufatura, evitando as afirmações passadas de Trump de que o aquecimento global é uma “farsa.”, Walz destacou os investimentos em energia renovável da administração Biden, além dos níveis recordes de produção de petróleo e gás natural.
Imigração
A imigração, um tema caro para o republicanos, foi um dos momentos em que houve a maior troca de farpas entre os candidatos, que mais uma vez focaram as críticas aos cabeças de chapa adversários.
Vance ecoou Trump, chamando Harris de “czar da fronteira” e sugerindo que ela, como vice-presidente, teria desfeito as restrições de imigração impostas por Trump. Harris, no entanto, nunca foi encarregada de definir a política de imigração dos EUA.
Walz argumentou que Trump foi o responsável por matar um acordo bipartidário no Senado sobre a segurança nas fronteiras e o sistema de processamento de imigrantes e solicitantes de asilo.
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6 de janeiro
Durante uma discussão sobre a invasão do Capitólio em 6 de janeiro, Walz causou a discussão mais acalorada da noite ao questionar diretamente Vance. "Ele (Trump) perdeu a eleição de 2020?", perguntou.
“Tim, estou focado no futuro”, foi como Vance começou sua resposta. “Essa é uma resposta totalmente equivocada”, Walz retrucou.
Vance então resgatou as reclamações democratas sobre a interferência russa na eleição de 2016. Na ocasião, Hillary Clinton disputava a presidência contra Donald Trump, mas teve a campanha afetada por e-mails vazados por Moscou,
“Hillary Clinton disse em 2016 que Donald Trump teve a eleição roubada por Vladimir Putin porque os russos compraram cerca de US$ 500.000 em anúncios no Facebook”, disse ele.
“6 de janeiro não foi dia de anúncios no Facebook”, disse Walz.
Vance ainda tentou contra-atacar, mas Walz revidou que Trump já estava se preparando para negar uma possível derrota nas eleições deste ano.
“Aqui estamos nós, quatro anos depois, no mesmo barco”, disse Walz. “O vencedor precisa ser o vencedor. Isso tem que parar. Está destruindo nosso país.”