Diretor responsável por vacinas nos EUA renuncia e cita "desinformação e mentiras"

O Dr. Peter Marks, principal responsável por vacinas na Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos, renunciou ao cargo e acusou a liderança do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) de permitir que "desinformação e mentiras" guiassem as decisões sobre a segurança dos imunizantes.

Marks enviou uma carta à comissária interina da FDA, Sara Brenner, nesta sexta-feira (29), informando que deixará o cargo até 5 de abril. Ele ocupava a posição de diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica.

No documento, obtido pela Associated Press, Marks afirmou que tentou dialogar com Robert F. Kennedy Jr., secretário do HHS, sobre as preocupações relacionadas à segurança das vacinas. Entretanto, segundo ele, "ficou claro que verdade e transparência não são desejadas pelo Secretário, mas sim que ele deseja uma confirmação subserviente de sua desinformação e mentiras".

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O HHS não respondeu a pedidos de comentário sobre a renúncia. De acordo com um ex-funcionário da FDA, Kennedy ofereceu a Marks a opção de pedir demissão ou ser demitido. A fonte falou sob anonimato, pois não tem autorização para discutir o assunto publicamente.

Robert F. Kennedy Jr. tem um histórico de disseminação de desinformação sobre vacinas. No entanto, durante as audiências de confirmação no Senado, ele prometeu não minar os programas de imunização existentes. Desde que assumiu o cargo, ele tem defendido a reavaliação da segurança das vacinas infantis, mesmo diante de décadas de evidências que comprovam sua eficácia e segurança.

Marks foi uma figura central na aprovação rápida das vacinas contra a COVID-19 nos Estados Unidos. Ele foi um dos idealizadores da “Operação Warp Speed”, iniciativa do governo Trump que acelerou a fabricação de vacinas enquanto ainda estavam em testes. Apesar do sucesso do projeto, o ex-presidente Donald Trump criticou a FDA por não aprovar os imunizantes ainda mais rapidamente.

A renúncia ocorre em meio a relatos de que o HHS planeja demitir 10.000 funcionários e encerrar diversas agências responsáveis pelo financiamento de programas de saúde pública nos EUA.

*com informações da Associated Press