Dinamarca reforça defesa da Groelândia após fala de Trump sobre "compra" da ilha
"Não estamos à venda", responde o primeiro-ministro ao presidente eleito dos EUA; território que tem grandes reservas minerais
Cido Coelho
O governo da Dinamarca anunciou um aumento dos gastos com defesa militar na Groelândia após o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, declarar que tem interesse em comprar o território localizado no Ártico.
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O ministro da Defesa dinamarquês, Troels Lund Poulsen, disse que país vai investir ao menos US$ 1,5 bilhão para reforçar a proteção à ilha.
Foi uma resposta a Trump, que disse que a propriedade e o controle da ilha, onde vivem cerca de 56 mil pessoas, eram uma "necessidade absoluta" para os Estados Unidos.
"Para fins de segurança nacional e liberdade em todo o mundo, os Estados Unidos da América sentem que a propriedade e o controle da Groenlândia são uma necessidade absoluta", disse o norte-americano em sua rede social Truth Social.
A Groelândia é um lugar estratégico para a Dinamarca, sendo uma das rotas mais curtas entre a América do Norte e a Europa. O território já tem uma instalação espacial dos Estados Unidos, a Base Espacial Pituffik.
O território, que faz parte da Dinamarca há mais de 600 anos, é rico em recursos naturais, como minerais de terras raras e petróleo.
Trump já tinha lançado a ideia de comprar o território da Dinamarca em 2019, durante seu primeiro mandato, mas a proposta não foi efetivada.
"Não estamos à venda e não estaremos à venda", respondeu de forma enfática o primeiro-ministro da Groelândia, Múte B Egede à imprensa sobre os últimos comentários do político republicano.
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Se um dia a compra for efetivada, será a maior aquisição e expansão territorial dos Estados Unidos desde a compra da Louisiana, território que pertencia à França. O negócio foi fechado em 1803 e dobrou o tamanho do país ao acrescentar 2.144.476 km2.
Groelândia pode ser independente
Desde 2009, a Groelândia tem o direito de se declarar independente da Dinamarca.
A região depende de transferências orçamentárias do governo de Copenhague todos os anos.
Até agora, a ilha segue como um território autônomo ligado ao país europeu.
De olho no Canal do Panamá
Trump também falou sobre o Pananá no começo da semana e fez ameaças ao dizer que os Estados Unidos podem retomar o controle do Canal do Panamá, um ponto estratégico no trânsito de navios entre o Atlântico e o Pacífico na América Central. O canal reduz drasticamente a trajetória das embarcações entre as costas leste e oeste dos Estados Unidos, por exemplo.
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O canal começou a ser construído pela França no começo do século XX, depois, os Estados Unidos continuaram a obra e, em 1999, os norte-americanos transferiram a administração do canal para os panamenhos, como previsto em um acordo assinado em 1977, conhecido por Tratado Torrijos-Carter.
Trump alega a retomada do controle para que o Panamá pare de cobrar, segundo ele, tarifas excessivas para usar o corredor centro-americano.
O comentário do presidente eleito dos Estados Unidos teve forte repreensão do presidente do Panamá, José Raul Mulino.