"Desejamos elevar a maternidade e o que ela representa na sociedade", diz fundadora do 'Mães pela América'
No mês do Dia Internacional da Mulher, ONG fundada em 2004 nos Estados Unidos quer engajar mães de outras partes do mundo ao movimento
Patrícia Vasconcellos
Elas representam metade da população feminina dos Estados Unidos. Uma força na essência e nos números. As mães norte-americanas somam 85 milhões de pessoas segundo o Pew Research. A mesma estatística aponta que a proporção de mães na sociedade americana caiu ao longo dos anos. Em 1960, 52% da população feminina com idade entre 18 e 64 anos tinha ao menos um filho. Atualmente esse índice é de 34%.
Na última campanha eleitoral, o então candidato republicano à vice-presidência JD Vance disse que o receio de algumas mulheres que estão no mercado de trabalho de se tornar mães deveria ser acolhido com uma ação do próximo governo: estabilizar a economia para que o medo dê lugar à segurança em constituir uma família.
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"As mulheres podem ter tudo. Precisamos apenas decidir quais serão nossas prioridades. Você pode ter filhos, ter sua família, seu marido e ainda ter uma carreira. É possível. Você precisará apenas de ajustes para que isso funcione", disse Kimberly Fletcher ao SBT.
Fletcher é a fundadora do 'Mães pela América', uma organização não-governamental que reúne 500 mil mães nos Estados Unidos (EUA). Ela conversou com o SBT News sobre maternidade, o foco da instituição que ela criou em temas debatidos pelas famílias conservadoras do país e um desejo para que o trabalho se expanda para outras partes do mundo.
"Acho que estamos unidas como mães por causa dos nossos filhos. Não importa de que país, de que cultura somos. Todas queremos o melhor para os nossos filhos, certo? Todas queremos que eles tenham as melhores oportunidades. Todos queremos que eles estejam seguros e protegidos", diz.
Fletcher relata que criou o "Mães pela América" em 2004, impactada pelos efeitos dos atentados de 11 de Setembro, em 2001, nos EUA. "Foi um chamado de Deus, as pessoas acreditem ou não em Deus. Meu marido estava no Pentágono em 11 de Setembro. Por uma sequência de milagres, ele chegou a salvo em casa naquele dia". Mãe de oito filhos, Kimberly Fletcher relata que, quatro anos depois, decidiu criar uma instituição para que as mães de diferentes estados americanos pudessem provocar ou estimular as autoridades públicas e promover mudanças.
No ano passado, durante a campanha presidencial, Fletcher se reuniu com o então candidato Donald Trump para levar ao republicano as pautas do grupo que ela representa. Desde 20 de Janeiro, dia da posse de Trump, várias pautas ligadas aos direitos das mulheres foram aprovadas.

A Casa Branca emitiu uma ordem executiva em relação às mulheres esportistas e a primeira-dama Melania se engajou recentemente em uma mesa redonda no Congresso para que os legisladores criem leis para punir pessoas que criem imagens de inteligência artificial de crianças e adolescentes e as exponham na internet. "Antes eles olhavam para isso como: 'oh, é apenas pornografia para homens'. E não é disso que se trata. Não se trata de homens adultos. Trata-se de expor os nossos filhos. Trata-se de pôr imagens na Internet que qualquer pessoa pode ver. Queremos proteger os nossos filhos disso", diz Fletcher.
Proclamação das Mães no registro do Congresso americano
Na última segunda-feira (10), a deputada Mary Miller, do partido Republicano/Illinois, introduziu a Proclamação das Mães, criada pela ONG norte-americana no registro do Congresso dos Estados Unidos. "Nunca desaparecerá. Uma vez que algo ingressa nos registros do Congresso, isso se torna um documento oficial e o governo federal", diz Kimberly Fletcher. Ela ainda afirma que este ato fará a Declaração das Mães ficar oficialmente para a história.
A proclamação tem seis itens que discorrem sobre a mulher e a maternidade: "As mães, por sua natureza divina e influência intrínseca, determinam o futuro de uma nação, moldam seus cidadãos, determinam suas instituições e moldam seu destino".
O texto também discorre sobre os os direitos de homens e mulheres "que incluem vida, liberdade, propriedade e a busca da felicidade" e sobre o papel dos pais na sociedade. "Os pais são, antes de tudo, os principais professores e protetores de seus filhos em uma sociedade livre.