"Decisão bastante perigosa", diz Rússia sobre Ucrânia usar mísseis de longo alcance
Alemanha, Reino Unido, França e EUA retiraram restrições de uso do armamento para ataques dentro do território russo

Camila Stucaluc
A Rússia criticou a decisão de países europeus de suspender as restrições e permitir que a Ucrânia use mísseis de longo alcance na guerra. Em declaração na segunda-feira (26), o governo classificou o anúncio como “bastante perigoso”, uma vez que o uso das armas podem escalar o conflito.
"Se tais decisões forem tomadas, elas irão absolutamente contra nossas aspirações de chegar a um acordo político e os esforços que estão sendo feitos dentro da estrutura do acordo. Trata-se, portanto, de uma decisão bastante perigosa", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
A declaração aconteceu em referência ao chanceler alemão, Friedrich Merz, que anunciou que Alemanha, Reino Unido e França retiraram as restrições à gama de armas fornecidas à Ucrânia, o que inclui mísseis de longo alcance. Até então, o uso dos armamentos em questão era permitido somente para defesa do território ucraniano e não para ataques dentro da Rússia.
O mesmo foi feito pelos Estados Unidos em 2024. Na época, a decisão levou a uma escalada do conflito, com Moscou atualizando sua doutrina nuclear e permitindo a utilização de ogivas em retaliação a agressões de Estados apoiados por potências nucleares — caso da Ucrânia com Washington.
O anúncio do chanceler alemão provoca a mesma tensão na comunidade internacional. Leonid Slutsky, presidente do comitê internacional da Duma Federal russa, afirmou que o fornecimento de mísseis de longo alcance para a Ucrânia significará que a Alemanha e o resto dos países que enviam o armamento à Ucrânia são cúmplices na guerra e “serão arrastados para um confronto direto com a Rússia”.
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"Merz está brincando com fogo. Sua decisão prejudica os esforços de paz na via de negociação e é claramente voltada para uma nova escalada. A Rússia não pode ser derrotada no campo de batalha e mais suprimentos de armas para o regime de Kiev apenas prolongarão sua agonia", disse Leonid à agência estatal Tass. “Essas armas serão um alvo legítimo para os militares russos”, completou.