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Dalai lama diz que fundação vai assumir busca por seu sucessor

Declaração de líder budista ocorre em meio disputa com a China

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O líder espiritual tibetano Dalai Lama | Flickr
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O dalai lama, líder espiritual dos budistas tibetanos, disse nesta quarta-feira (2) que sua organização sem fins lucrativos terá a autoridade exclusiva para reconhecer sua futura reencarnação. A declaração do líder, que completa 90 anos no domingo (6), vem em meio à insistência da China de escolher seu sucessor.

Pequim vê o dalai lama, que fugiu do Tibete em 1959 após uma revolta fracassada contra o domínio chinês, como um separatista. O religioso já disse anteriormente que seu sucessor nascerá fora da China e instou seus seguidores a rejeitarem qualquer pessoa escolhida por Pequim. "Estou afirmando que a instituição do dalai lama continuará", disse, em um comunicado.

Ele acrescentou que o Gaden Phodrang Trust, a organização sem fins lucrativos que criou para manter e apoiar a tradição e instituição do dalai lama, tem a autoridade exclusiva para reconhecer sua futura reencarnação em consulta com os líderes das tradições budistas tibetanas.

"Eles devem, consequentemente, realizar os procedimentos de busca e reconhecimento de acordo com a tradição passada... ninguém mais tem qualquer autoridade para interferir neste assunto", disse o dalai lama, considerado uma das figuras mais influentes do mundo.

Como ele foi escolhido?

A tradição tibetana sustenta que a alma de um monge budista sênior reencarna após sua morte. O 14º dalai lama, nascido como Lhamo Dhondup em 6 de julho de 1935, em uma família de agricultores na atual província de Qinghai, foi identificado como tal reencarnação quando tinha apenas dois anos de idade.

Uma equipe de busca enviada pelo governo tibetano tomou a decisão com base em vários sinais, como uma visão revelada a um monge sênior, diz o site do dalai lama. Os pesquisadores ficaram convencidos quando a criança identificou os pertences do 13º dalai lama com a frase: "É meu, é meu".

No inverno de 1940, Lhamo Thondup foi levado ao Palácio Potala em Lhasa, capital da atual Região Autônoma do Tibete, e oficialmente instalado como líder espiritual dos tibetanos. Agora, ele é considerado uma das figuras religiosas mais influentes do mundo, com seguidores que se estendem muito além do budismo. Em 1989, recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

O que diz a China?

A China reivindica para si o direito de aprovar o sucessor do dalai lama, como um legado da época imperial. Um ritual de seleção, no qual os nomes de possíveis reencarnações são retirados de uma urna dourada, remonta a 1793, durante a dinastia Qing.

Autoridades chinesas têm afirmado repetidamente que a reencarnação do dalai lama deve ser decidida seguindo as leis nacionais que determinam o uso da urna dourada e o nascimento das reencarnações dentro das fronteiras da China.

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Muitos tibetanos, no entanto, suspeitam que qualquer papel chinês na seleção seja uma manobra para exercer influência sobre a comunidade. Para o líder budista, é inadequado que os chineses, que rejeitam a religião, "intrometam-se no sistema de reencarnação dos lamas, ainda mais no do dalai lama".

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