Criança palestina que perdeu os braços em ataque a Gaza é eleita foto do ano pela World Press Photo
Registro da fotógrafa Samar Abu Elouf, do New York Times, foi captado no Catar; ao perder os braços, menino perguntou como iria abraçar a mãe

SBT News
A imagem de Mahmoud Ajjour, um menino palestino de 9 anos que perdeu ambos os braços em um bombardeio israelense na Faixa de Gaza, ganhou o prêmio de fotografia do ano no concurso anual da World Press Photo.
Registrada pela fotógrafa do The New York Times Samar Abu Elouf, a imagem foi tirada no Catar, onde tanto o menino quanto a fotógrafa, ambos nascidos no enclave palestino, moram. Segundo o relato, Mahmoud fugia de um ataque israelense quando uma explosão decepou seu braço e mutilou o outro.
“Uma das coisas mais difíceis que a mãe de Mahmoud me explicou foi que, quando Mahmoud percebeu que seus braços estavam amputados, a primeira frase que ele disse a ela foi: 'Como poderei te abraçar?'”, disse Abu Elouf em uma declaração divulgada pela organização.
O vencedor da 68ª edição do prestigiado concurso de fotojornalismo foi selecionado entre 59.320 inscrições enviadas por 3.778 fotógrafos de 141 países.
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Segundo a premiação, o júri escolheu a foto por sua composição forte e atenção à luz, "como uma imagem contemplativa, que desperta questionamentos sobre o que ainda está por vir para o jovem ferido".
"A fotografia de um jovem garoto de Gaza, Mahmoud, fala sobre os custos de longo prazo da guerra, os silêncios que perpetuam a violência e o papel do jornalismo em expor essas realidades. Sem evitar os impactos corporais do conflito, a imagem aborda a guerra e a condição de apátrida a partir de uma perspectiva humana, lançando luz sobre os traumas físicos e psicológicos que os civis foram forçados a suportar — e continuarão a suportar — diante da matança e da guerra em escala industrial", afirma o júri.
Hoje, Mahmoud mora em um complexo de apartamentos construído para receber refugiados palestinos em Doha, enquanto aprende a usar os pés para jogar no celular, escrever e abrir portas. Fora isso, ele precisa de assistência especial para a maioria das atividades diárias, como comer e se vestir. Segundo o concurso, o sonho de Mahmoud é simples: ele quer receber próteses e viver sua vida como qualquer outra criança.