Coreia do Sul suspende execução de mandado de prisão contra presidente afastado
Policiais enfrentaram resistência de agentes do serviço de segurança presidencial; ordem judicial é válida até 6 de janeiro
Camila Stucaluc
Autoridades da Coreia do Sul suspenderam, nesta sexta-feira (3), a execução do mandado de prisão contra o presidente afastado Yoon Suk-yeol. Policiais e investigadores chegaram a ir até a casa do político, mas enfrentaram resistência do serviço de segurança presidencial. Manifestantes pró-Yoon também atrapalharam a operação.
"Decidimos interromper a execução [do mandado] devido a preocupações de segurança sobre o fato de que havia muito mais pessoas reunidas do que poderíamos controlar”, disse o Escritório de Investigação de Corrupção para Altos Funcionários (CIO).
Ao todo, cerca de 200 seguranças estavam na residência de Yoon. Eles impediram a execução do mandado de prisão – emitido pela Justiça no fim de dezembro após o presidente não atender às intimações para prestar depoimento sobre a decisão que o levou a decretar uma lei marcial. Ele é acusado de insurreição e abuso de poder.
“Enche-me de grande tristeza ver alguém que planejou iniciar uma guerra escondido na residência oficial e fugindo da aplicação da lei”, disse o líder do Partido Democrata (oposição), Park Chan-dae. “Qualquer pessoa que obstrua a execução do mandado de prisão deve ser presa imediatamente”, acrescentou.
Os agentes têm até o dia 6 de janeiro para executar o mandado de prisão. Caso seja detido, a ordem judicial permite que Yoon fique preso por, no máximo, 48 horas.
Presidente afastado
Yoon está afastado das atividades presidenciais desde 14 de dezembro, quando sofreu impeachment por deputados devido à imposição da lei marcial. O decreto, que substituiria a legislação padrão por leis militares e acarretaria a restrição de direitos civis, durou poucas horas, sendo revogado após forte oposição parlamentar.
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Apesar de aprovado pelos deputados, o processo de impeachment ainda está sob análise no Tribunal Constitucional, que tem até seis meses para dar um veredito. Caso a sustente o processo, Yoon será destituído do cargo e uma nova eleição acontecerá em até 60 dias. Enquanto isso, o país está sendo governado interinamente por Choi Sang-mok.