Conservador considerado 'Bolsonaro chileno' e candidata comunista lideram intenções de voto no Chile
Pesquisas realizadas após o primeiro debate eleitoral mostraram um cenário de empate técnico entre José Antonio Kast e Jeannette Jara

Sofia Pilagallo
O ultraconservador José Antonio Kast, apelidado de "Bolsonaro chileno" pela imprensa estrangeira, lidera, junto a comunista Jeannette Jara, as intenções de voto nas eleições no Chile. Três pesquisas realizadas após o primeiro debate eleitoral entre os candidatos presidenciais, na última quarta-feira (10), mostraram um cenário de empate técnico entre os dois.
Em duas delas, realizadas pela Consultora Criteria e o Instituto Cadem, Jara aparece ligeiramente à frente de Kast — com 29% e 27% das intenções, ante 27% e 25%, respectivamente. Já na outra medição, promovida pela consultora Panel Ciudadano, os dois aparecem realmente empatados, com 24% das intenções.
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Kast defende medidas como prisões superseguras, o endurecimento de penas e o envio de militares e policiais para zonas críticas — seu "plano implacável" para a melhoria da segurança pública. Durante o último debate, ele revelou que tem um um "revólver com cinco balas", mas propôs que policiais enfrentem criminosos com "pistolas com poder de fogo suficiente e carros blindados".
O pedreiro José Martínez, de 59 anos, que já apoiou a esquerda e a centro-direita, afirmou à agência de notícias AFP (Agence France-Presse) que já definiu seu voto em Kast. Para ele, o ultraconservador é o "único que pode aplicar mão pesada" contra a criminalidade.
Apesar de o Chile ter uma das menores taxas de homicídio da América Latina (6 por 100 mil habitantes, segundo a ONU), a criminalidade é a maior preocupação para 64% dos chilenos, segundo estudo da Ipsos. O aumento de crimes como extorsão e assassinatos de aluguel tem alimentado a percepção de perigo entre a população.
Kast também tem como alvo a migração irregular, que muitos associam à insegurança. De acordo com o Centro de Estudos Públicos, em maio, 44% dos chilenos diziam estar muito preocupados com a presença de estrangeiros em seu bairro. Estimativa oficial aponta que cerca de 330 mil estrangeiros, a grande maioria venezuelanos, vivem no Chile sem a documentação necessária.
Em 2021, Kast se posicionou também contra o casamento homossexual e prometeu fechar o Ministério da Mulher e eliminar a lei que flexibilizou o aborto. Hoje, no entanto, diz não querer "nenhum tema que divida os chilenos".