Candidato reformista vence eleição presidencial no Irã
Masoud Pezeshkian prometeu se reaproximar do Ocidente e aliviar a aplicação da lei do véu obrigatório no país
SBT News
O candidato reformista Masoud Pezeshkian venceu a eleição presidencial de segundo turno do Irã neste sábado (6), superando o linha-dura Saeed Jalili ao prometer se aproximar do Ocidente e aliviar a aplicação da lei do véu obrigatório no país após anos de sanções e protestos que pressionaram a República Islâmica.
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Pezeshkian, um cirurgião cardíaco e veterano legislador, que fala azeri, farsi e curdo, fez campanha prometendo se aproximar das muitas etnias do Irã, mas comprometeu-se a não fazer mudanças radicais na teocracia xiita do Irã durante sua campanha, reconhecendo o Ayatollah Ali Khamenei como líder supremo do Estado. Ele é o primeiro presidente do oeste do Irã em décadas.
De acordo com a contagem de votos oferecida pelas autoridades, Pezeshkian venceu com 16,3 milhões de votos contra 13,5 milhões de Jalili na eleição de sexta-feira (5). O Ministério do Interior do Irã informou que 30 milhões de pessoas votaram, em uma eleição realizada sem monitores reconhecidos internacionalmente.
"Querido povo do Irã, as eleições acabaram e este é apenas o começo de nossa cooperação", escreveu Pezeshkian no X, antigo Twitter, ainda proibido no Irã. "O difícil caminho à frente não será suave exceto com sua companhia, empatia e confiança. Estendo minha mão a vocês e juro pela minha honra que não os deixarei sozinhos neste caminho. Não me deixem sozinho."
O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, da Arábia Saudita, que após décadas de animosidade, restabeleceram laços diplomáticos, enviou felicitações a Pezeshkian, ressaltando seu “desejo de desenvolver e aprofundar as relações que unem nossos dois países e povos". O presidente russo, Vladimir Putin, que conta com drones iranianos em sua guerra na Ucrânia, também parabenizou Pezeshkian.
A eleição ocorreu em meio a tensões regionais intensificadas. Em abril, o Irã lançou seu primeiro ataque direto a Israel devido à guerra em Gaza, enquanto grupos militantes armados por Teerã — como o Hezbollah libanês e os rebeldes Houthi do Iêmen — estão envolvidos nos combates e intensificaram seus ataques.
O Irã também está enriquecendo urânio em níveis próximos aos de armas nucleares e mantém um estoque grande o suficiente para construir várias armas nucleares, caso decida fazê-lo. A iminente eleição nos Estados Unidos também é uma questão que pode colocar em risco qualquer chance de um acordo nuclear entre Teerã e Washington.
* Com informações da Associated Press