Biden quebra promessa e concede perdão presidencial ao filho
Hunter Biden foi condenado por posse ilegal de arma de fogo e admitiu culpa em nove infrações fiscais
Camila Stucaluc
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, concedeu perdão “total e incondicional” ao seu filho, Hunter Biden – condenado por compra e posse ilegal de arma de fogo e acusado de sonegar US$ 1,4 milhão em impostos. A medida, anunciada na noite de domingo (1º), elimina a chance de Hunter ser sentenciado pelos crimes e levado para a prisão.
Na declaração, Biden reconheceu que havia prometido que não usaria os poderes da Presidência para interferir nas decisões do Departamento de Justiça. Ele afirmou, no entanto, que as acusações contra o filho surgiram apenas devido à movimentação de opositores políticos, que visavam derrubar sua campanha eleitoral este ano.
“Nenhuma pessoa que analisa os fatos dos casos de Hunter pode chegar a qualquer outra conclusão além de que Hunter foi escolhido apenas porque é meu filho — e isso é errado. Houve um esforço para quebrar Hunter. Ao tentar quebrar Hunter, eles tentaram me quebrar — e não há razão para acreditar que isso vai parar aqui”, disse Biden.
A concessão do perdão pelo democrata acontece semanas antes de Hunter receber sua sentença no caso de armas e de sua confissão de culpa nas acusações fiscais. A decisão não pode ser revogada por Donald Trump, que retornará à Casa Branca em 2025.
“Durante toda a minha carreira, segui um princípio simples: basta dizer a verdade ao povo americano. Eles são justos. E esta é a verdade: acredito no sistema de Justiça, mas, enquanto lutei com isso, também acredito que a política crua infectou esse processo e levou a um erro judiciário”, disse Biden. “Espero que os americanos entendam por que um pai e um presidente tomariam essa decisão”, finalizou o presidente.
Acusações de porte ilegal de arma e sonegação
Hunter Biden foi condenado por três crimes relacionados à compra de uma arma de fogo em 2018. Segundo a promotoria, Hunter mentiu duas vezes ao adquirir a arma: primeiro para um vendedor de armas licenciado pelo governo federal e, depois, no formulário para rastrear candidatos a porte de armas quando alegou não ser viciado ou usar drogas ilegais. Por último, Hunter teria ilegalmente possuído o revólver por 11 dias.
Somadas, as penas dos crimes podem chegar até 25 anos de prisão. A sentença, contudo, seria determinada essa semana pelo tribunal federal de Delaware.
Além da compra e porte ilegal de arma, Hunter foi acusado de envolvimento em um esquema para evitar pagar pelo menos US$ 1,4 milhão em impostos. Ele deveria ir a julgamento na Califórnia ainda este ano, onde se declararia culpado. Neste caso, as acusações previam até 17 anos de prisão.
Em comunicado, Hunter agradeceu o perdão concedido por Biden, dizendo que “nunca substimará o alívio que lhe foi concedido”.
“Assumi a responsabilidade por meus erros durante os dias mais sombrios do meu vício. Apesar de tudo isso, mantive minha sobriedade por mais de cinco anos por causa da minha profunda fé e do amor e apoio inabaláveis de minha família e amigos. Nunca substimarei a clemência que me foi dada e dedicarei a vida que reconstruí para ajudar aqueles que ainda estão doentes e sofrendo”, escreveu Hunter.
Trump critica perdão
O presidente eleito Donald Trump criticou o perdão concedido por Biden a Hunter. Pelas redes sociais, o republicano classificou a decisão como “abuso e erro de Justiça”. Num tom sarcástico, ele ainda questionou se o perdão concedido a Hunter também incluiria os presos acusados pela invasão ao Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021.