“Biden prioriza Israel em detrimento da própria vitória eleitoral”, analisa especialista sobre ataque a Rafah
Recente ataque de Israel a Rafah foi tema de discussão no Poder Expresso desta segunda-feira (27)
O Poder Expresso desta segunda-feira (27) discutiu o recente ataque de Israel que deixou 45 mortos em Rafah, ao extremo sul da Faixa de Gaza. Em conversa com os jornalistas Léo Cavalcanti e Sergio Utsch, Bruno Huberman, professor de Relações Internacionais da PUC-SP, analisou as repercussões da agressão, citando que elas podem ter impacto até nas eleições americanas, que serão realizadas no próximo mês de novembro.
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“O voto jovem, mais à esquerda, de comunidades árabes negras e do movimento estudantil, tem se posicionado contra a política externa de Biden em relação a Israel e aos horrores na Faixa de Gaza. Temos visto um enfrentamento direto ao presidente americano, com vários movimentos já afirmando que não irão votar”, afirmou Huberman.
Segundo o professor, a postura de Biden e dos Estados Unidos em relação a Israel, evitando sanções políticas, diplomáticas e econômicas a um aliado histórico, indicam um cálculo diferente do eleitoral.
“Joe Biden coloca sua reeleição em risco sabendo que irá perder, o que indica um cálculo político diferente do eleitoral. Ele está jogando outro jogo, que é manter o estado de Israel como aliado, assegurando interesses americanos naquela região. O próprio Biden já afirmou certa vez que se Israel não existisse, ‘teríamos que criar Israel’”, explicou Huberman.
Para o especialista, o sistema bipartidário americano permite ao partido democrata, do qual Biden faz parte, assumir a derrota nas próximas eleições para se posicionar bem pensando daqui a quatro anos, mantendo os interesses americanos intactos a partir da manutenção da aliança com Israel.
Ataque
Dois dias após a Corte Internacional de Justiça ter ordenado um cessar-fogo das operações militares em Rafah, Israel promoveu um ataque aéreo que deixou pelo menos 45 pessoas mortas e dezenas de feridas em um acampamento na região que fica ao extremo sul da Faixa de Gaza.
O ataque teria como alvo duas lideranças do Hamas, resultando, no entanto, em dezenas de mortes civis. A comunidade internacional tem condenado o ataque. Porta-vozes, representantes das Forças Armadas e o próprio primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, tem suavizado o discurso, afirmando que investigações serão feitas para descobrir possíveis irregularidades”.
“Israel acabou de cruzar de forma cruel a linha vermelha”, opinou Bruno Huberman.