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Bangladesh determina toque de recolher e libera policiais para atirar em manifestações; entenda os protestos no país

Onda de violência já matou mais de 100 pessoas e deixou outros 100 feridos

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Protestos em Bangladesh tomam o país | Reprodução/BTV
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Bangladesh decretou, neste sábado (20), um toque de recolher e permitiu que policiais atirem em multidões, "em casos extremos", que protestam no país. Há um mês, grupos estudantis têm se manifestado contra um sistema de cotas que reserva até 30% dos empregos públicos para familiares de veteranos que lutaram na guerra da independência do país, em 1971.

A restrição de circulação começou à meia-noite e foi flexibilizada entre 12h e 14h para as pessoas realizarem atividades essenciais. No entanto, a medida deve durar até domingo (21).

A violência no país explodiu no começo dessa semana. Na segunda-feira (15), mais de 100 estudantes da principal Universidade de Dhaka, a capital, ficaram feridos em protestos. Na sexta-feira (19), cerca de 800 presos fugiram de uma prisão em Narsingdi, uma cidade ao norte de Dakha, depois que manifestantes invadiram e incendiaram a unidade prisional.

Segundo o jornal local Prothom Alo, ao menos 103 pessoas morreram durante os protestos.

Além do toque de recolher, autoridades do país bloquearam comunicações online, proibindo serviços móveis e de internet. Canais de televisão também saíram do ar, bem como os principais sites de notícia. Por outro lado, segundo a agência de notícias Associated Press, sites governamentais importantes, como o do Banco Central de Bangladesh e o gabinete da primeira-ministra Sheik Hasina foram hackeados.

O país vive a frustração dos jovens que saem do ensino médio e faculdade, mas não conseguem empregos. Enquanto isso, os manifestantes enxergam o sistema de cotas por guerra como uma política discriminatória, que beneficiaria o partido Awami League, da ministra Sheik Hasina e que liderou há décadas o movimento de independência.

Quem apoia os protestos?

O principal apoiador dos protestos é o partido de oposição, o Partido Nacionalista de Bangladesh (BNP). O movimento defende que o sistema de empregos seja definido por quem é mais capaz de exercer a função determinada, e não pelo histórico familiar.

No entanto, o BNP afirmou que não é responsável pelas violências e negou acusações de usar os protestos para ganhos políticos. No país, o ministro da Lei, Anisul Hug, disse que pode negociar a demanda da oposição.

Histórico do sistema de cotas

Em 2018, o governo suspendeu as cotas de emprego após protestos estudantis em massa. Em junho deste ano, o Tribunal Superior de Bangladesh anulou essa decisão e restabeleceu as cotas após parentes de veteranos de 1971 terem entrado com petições.

O Supremo suspendeu a decisão, aguardando uma audiência de apelação e disse que levará a questão ao tribunal, no domingo. Hasina pediu aos manifestantes que aguardem o veredito da Justiça.

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