Ataque israelense em escola usada pela ONU em Gaza deixa ao menos 33 mortos
Militares alegaram que instituição estava sendo utilizada como “complexo” do Hamas
Camila Stucaluc
Ao menos 33 pessoas foram mortas em um ataque israelense no centro da Faixa de Gaza na noite de quarta-feira (5). O bombardeio ocorreu em uma escola administrada pela Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), que, segundo alegado por Israel, estava sendo utilizada como “complexo” do grupo terrorista Hamas.
As escolas da UNRWA em Gaza funcionam como abrigos desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, que deslocou a maior parte da população do território.
O ataque ocorreu no momento em que Israel aumentou a ofensiva em Gaza, inclusive em regiões que já haviam sido desocupadas pelos militares. Os últimos bombardeios atingiram casas e um campo de refugiados. Segundo o Médicos Sem Fronteiras, ao menos 70 corpos e 300 feridos foram levados para hospitais entre terça (4) e quarta-feira (5).
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“Nas últimas 48 horas houve uma escalada insana das hostilidades em toda a Faixa de Gaza, com bombardeamentos simultâneos no norte, na Área Média, Khan Younis e Rafah. Vimos hospitais, campos de refugiados e armazéns humanitários sendo bombardeados. A situação é apocalíptica”, disse Karin Huster, enfermeira do Médicos Sem Fronteiras.
Acordo de cessar-fogo
Na última semana, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentou uma proposta de cessar-fogo. O plano de cessar-fogo de Biden é composto por três fases, que engloba a libertação de reféns pelo Hamas, a retirada dos soldados israelenses de Gaza e o fim das hostilidades. Por fim, a proposta prevê meios para a reconstrução de Gaza.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o acordo. Ele apenas reforçou que Israel não acabará com a guerra até que o Hamas seja “completamente destruído”.
A proposta, no entanto, já provocou tensão no governo israelense. Os ministros das Finanças, Bezalel Smotrich, e da Segurança Nacional, Ben Gvir, ameaçaram renunciar e derrubar a coalizão governamental de Netanyahu caso o acordo seja aceito. Eles defendem que o plano de Biden é “imprudente” e representa “uma vitória para o terrorismo”.