Apoio de nomes da cultura pop a Kamala Harris pode impactar disputa com Trump? Veja análise
Divas como Charli XCX e música de Beyoncé mobilizam campanha da vice-presidente nas redes sociais; artistas de cinema também endossam ex-senadora
Diversos nomes da cultura pop manifestaram apoio a Kamala Harris depois da desistência do presidente Joe Biden de concorrer à reeleição nos Estados Unidos. Como isso pode impactar a corrida presidencial e a disputa polarizada com Donald Trump? Veja análise dos especialistas Nauê Bernardo, cientista político, e Uriã Fancelli, analista e mestre em relações internacionais, no programa Brasil Agora desta quarta-feira (24), com apresentação de Murilo Fagundes.
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"Kamala IS brat": memes impulsionam campanha
Da música, divas pop como Janelle Monáe, Cardi B, Katy Perry e os artistas John Legend e Lil Nas X endossaram publicamente a vice-presidente para assumir a campanha do Partido Democrata.
A britânica Charli XCX viralizou e impulsionou memes nas redes sociais ao unir o nome de seu novo disco, "Brat", ao da ex-senadora em postagem no X (ex-Twitter): "Kamala IS brat" ("Kamala é brat", termo que significa algo como "pirralho"). Efeito imediato: uma conta oficial de pré-campanha dos democratas, KamalaHQ, adotou verde limão, cor usada na capa do álbum.
Uma das montagens, por exemplo, mistura em vídeo (veja acima) trechos de discurso de Harris feito em 2023 ("você caiu de um coqueiro do nada?") com "Von Dutch", uma das faixas de "Brat". Tanto que o emoji de coco passou a frequentar postagens sobre Kamala nas redes.
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Já Beyoncé autorizou utilização da música "Freedom", do cultuado disco "Lemonade" (2016), em eventos, tanto que Harris usou a canção em discurso como pré-candidata (veja abaixo) e encontro com funcionários de campanha.
Do cinema e da televisão, acumulam-se manifestações de estrelas como Viola Davis, Robert De Niro, Jamie Lee Curtis, Julia Louis-Dreyfus, Mark Ruffalo, Shonda Rhimes, Kerry Washington e da também cantora Barbra Streisand.
Para Nauê Bernardo, em eleição nos EUA, "qualquer apoio conta", já que o voto não é obrigatório por lá. Ainda mais quando agrega eleitores da geração Z, de nascidos entre 1995 e 2010.
"Tudo que possa agregar, mobilizar conta muito. Pessoas mais jovens estão se interessando em participar da política. Tem aquela brincadeira que fãs de K-pop impediram reeleição de Trump [em 2020]. Taylor Swift: o que ela disser pode ser que engaje os fãs dela. Essas pessoas com grande volume de fãs na área de cultura, música, filmes têm importância dentro de eleições que exigem mobilização", explicou.
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Taylor Swift ainda não se manifestou oficialmente. Por meio das redes, em 2020, criticou Trump e apoiou a chapa Biden-Harris. De qualquer maneira, swifties, fãs da cantora, já criaram até uma conta pró-Kamala no X.
Uriã Fancelli analisou que essa mobilização do mundo pop é positiva para Harris, já que "o desafio é se tornar mais conhecida". "É uma dificuldade dela. Uma das críticas é o fato de ela ter ficado um pouco apagada no governo Biden. Acho que artistas acabam ajudando muito, principalmente nas redes sociais", falou.