"Infeliz provocação", diz Venezuela sobre exercício militar dos EUA na Guiana
Governo afirmou que movimentação norte-americana não afetará planos para anexar Essequibo

Camila Stucaluc
O ministro da Defesa da Venezuela, Vladímir Padrino López, reagiu ao anúncio dos Estados Unidos de que iriam realizar um exercício militar na Guiana. Em publicação nas redes sociais, o político chamou a movimentação norte-americana de "infeliz provocação" e afirmou que a operação não irá afetar os planos do governo de anexar Essequibo.
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"Esta infeliz provocação dos Estados Unidos a favor dos pretorianos da ExxonMobil na Guiana é mais um passo na direção errada. Alertamos que não seremos desviados de nossas ações futuras para a recuperação do Essequibo. Não se engane", escreveu López.
A província de Essequibo, uma área rica em minerais que compõem 74% do território guianês, é reivindicada pela Venezuela desde 1841. Nesta semana, o governo de Nicolás Maduro um projeto de lei para anexar a região e criar um novo estado venezuelano. A decisão foi tomada após 95% votarem a favor do plano.
A ação foi criticada pela Guiana, sobretudo por Maduro ter apresentado um novo mapa da Venezuela, incluindo a região de Essequibo. O país afirmou que acionaria o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e que reforçaria a proteção na fronteira, além de pedir o auxílio de nações aliadas, como Brasil e Estados Unidos.
A atualização do mapa também chamou a atenção do Secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Cameron, que classificou a ação como "retrógada". "Consideramos que isto [plano de anexação de Essequibo] é injustificado e deve cessar. Temos claro que a fronteira foi estabelecida em 1899 através de arbitragem internacional", disse Cameron.
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Delcy Rodríguez, vice-presidente da Venezuela, rebateu o comentário do ministro, afirmando que o Reino Unido foi um dos autores da concessão para desapropriar o país de Essequibo. Ela ainda acusou o governo britânico de planejar violar o Acordo de Genebra -- direito internacional -- "para entregar as riquezas de Essequibo às transacionais".