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Celac e União Europeia chegam a acordo em Bruxelas

Documento final mostrou que ambos os lados tiveram que ceder

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Foto de todos os líderes que participaram da Cúpula Celac-União Europeia
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Bruxelas, Bélgica - O documento final da Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e da União Europeia não condenou a invasão russa à Ucrânia, como queriam os europeus. Mas os 60 países dos 2 blocos defenderam o respeito à integridade territorial dos países. Todos os países assinaram, menos a Nicarágua que, assim como na ONU, recusou-se a se indispor com Moscou.

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"Um país, como vocês sabem, tem uma posição diferente sobre a questão da Rússia, Ucrânia e o ataque russo à Ucrânia. Mesmo assim, é extraordinário que tenhamos conseguido alcançar um entendimento. A Cúpula foi um sucesso", afirmou o Chanceler alemão Olaf Scholz.

A Nicarágua também foi o único país da América Latina a votar contra a resolução da ONU que condenou a invasão russa. Bolívia, Cuba e Honduras se abstiveram. A Venezuela recusou-se a votar.

Numa vitória para os europeus, caribenhos e latino-americanos também demonstraram apoio ao Acordo de Grãos do Mar Negro, que permitiu o escoamento da produção dos alimentos produzidos na Ucrânia. A Rússia anunciou que está deixando o acordo e que não garante a segurança dos navios que transportam grãos para países da África e Ásia.

DEMOCRACIA

O tom na abordagem da invasão à Ucrânia não foi o que a União Europeia queria, mas os europeus conseguiram avançar em outros campos, como "o respeito e a proteção aos direitos humanos e liberdades fundamentais, o Estado de Direito, democracia, incluindo eleições livres, justas, transparentes e confiáveis e liberdade de imprensa". Cuba e Venezuela estão entre os signatários do documento.

"Não foi fácil", destacou o presidente do Conselho Europeu, Carlos Michel, em entrevista coletiva, que foi atrasada até que houvesse os acertos finais na declaração conjunta. A declaração ainda tocou em algo importante para os argentinos, mas não da maneira que Buenos Aires desejava.

ILHAS MALVINAS E CUBA

Na cuidadosa linguagem diplomática, os europeus dizem que "tomaram ciência da posição histórica da Celac sobre as Ilhas Malvinas", sem se indispor com os britânicos. A maior parte dos países da Celac defende que o protetorado britânico é, na verdade, território argentino.

A mesma estratégia foi adotada para falar sobre o embargo econômico a Cuba promovido pelos Estados Unidos, sem a crítica natural que viria dos latinos. O documento final faz um contorcionismo diplomático para condenar a lei que tornou o embargo possível e reconhece que a manutenção de Cuba na lista norte-americana de Estados patrocinadores do terrorismo "trouxe obstáculos para as transações internacionais com a Ilha".

É um tom bem diferente daquele adotado por países como o Brasil, mas que ajuda Cuba em sua campanha internacional pelo fim do bloqueio ao país imposto pelos Estados Unidos na década de 1960.

TRÁFICO DE PESSOAS ESCRAVIZADAS

A pedido dos latinos e caribenhos, o documento tratou também do tráfico internacional de pessoas escravizadas em séculos passados. "Nós reconhecemos e lamentamos profundamente o sofrimento imposto a milhões de homens, mulheres e crianças como resultado do comércio transatlântico de escravos". Alguns países latinos insistiam em reparações pelos danos causados pela ocupação colonial e escravidão.

A Declaração Final da Cúpula Celac-União Europeia não obriga os países a implementar automaticamente tudo o que concordaram no documento, mas é uma forma de pressão diplomática e confirma a aproximação entre as 2 regiões. "A relação entre a Celac e a União Europeia é mais forte hoje do que era ontem ou antes de ontem como consequência desse acordo", disse Ralph Gonsalvez, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, ilha caribenha que está na presidência rotativa da Celac. 

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