Australiana é perdoada após 20 anos presa pela morte de 4 filhos
Novas evidências apontam ser possível que as crianças morreram de causas naturais
Uma australiana condenada a 30 anos de prisão pelo assassinato dos quatro filhos foi perdoada e solta nesta 2ª feira (5.mai) após novas evidências científicas colocarem em xeque as causas das mortes.
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Kathleen Folbigg, de 55 anos, estava desde 2003 em uma prisão em Grafton, no estado de New South Walesna e foi solta após o perdão concedido pela governadora do estado, Margaret Beazley. O caso contra ela perdeu força em 2018, quando foi descoberto que duas das vítimas carregavam uma rara variante genética que poderia ser "uma causa razoavelmente possível" das mortes.
Na época, uma petição assinada por 90 cientistas, médicos e profissionais relacionados foi enviada para o juiz responsável pelo inquérito "baseada em evidências positivas significativas de causas naturais de morte" das crianças, que morreram separadamente ao longo de uma década, entre 19 dias e 19 meses de idade.
O primeiro filho e Folbigg, Caleb, nasceu em 1989 e morreu 19 dias depois, no que um júri determinou ser o crime menor de homicídio culposo. Seu segundo filho, Patrick, tinha 8 meses quando morreu em 1991. Dois anos depois, Sarah morreu aos 10 meses. Em 1999, a quarta filha da mulher, Laura, morreu aos 19 meses.
Segundo a advogada de defesa Sophie Callan, há "evidência persuasiva de especialistas de que, por uma questão de possibilidade razoável, um distúrbio neurogenético subjacente" causou a morte súbita de Patrick.
A evidência científica criou dúvidas de que Folbigg matou as três crianças e minou o argumento feito no caso de Caleb de que a morte das quatro crianças foi uma coincidência improvável, disse Callan.
Ainda segundo a advogada, a miocardite, uma inflamação do coração, também foi apontada como uma causa possível da morte de Laura.
Quando foi condenada, Folbigg negou a autoria dos supostos assassinatos. Mas o júri ficou com a versão dos promotores de que as semelhanças entre as mortes tornavam a coincidência uma "explicação improvável" e que a mulher havia admitido a culpa em passagens no diário que mantinha.
A advogada dela afirma, contudo, que psicólogos e psiquiatras forneceram evidências de que "não seria confiável interpretar as entradas dessa maneira".
Folbigg sofria de um transtorno depressivo maior e "luto materno" quando fez as anotações, disse Callan.
Ela era a única em casa ou acordada quando as crianças morreram e afirmou ter descoberto três das mortes durante idas ao banheiro e uma enquanto verificava o bem-estar da criança.
* Com informações da Associated Press