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Cessar-fogo de 72 horas no Sudão não é respeitado; são quase 500 mortes

Dois lados do conflito se acusam mutuamente do descumprimento

Cessar-fogo de 72 horas no Sudão não é respeitado; são quase 500 mortes
Homens armados em cima de caminhonete no Sudão
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Um cessar-fogo de 72 horas entre os dois generais que disputam o poder no Sudão entrou oficialmente em vigor nesta 3ª feira (25. abr), mas testemunhos relataram novos bombardeios após dias de combates que deixaram centenas de mortos.

"A pausa não foi completamente respeitada, com ataques contra bases, tentativas de ganhar terreno, ataques aéreos e explosões em diferentes áreas da capital", informou o representante da ONU no país, Volker Perthes, ao Conselho de Segurança.

Perthes afirmou ter tido contato com os dois generais em guerra: o chefe do Exército, Abdel Fatah al Burhan, e seu ex-aliado Mohamed Hamdan Daglo, que comanda as paramilitares Forças de Apoio Rápido (FAR). "Ainda não há sinais claros de que algum deles esteja pronto para negociar seriamente", acrescentou Perthes.

Testemunhos na capital do Sudão, Cartum, informaram de bombardeios do Exército contra posições e veículos das FAR, que responderam com tiros de metralhadoras. Em um vídeo, o grupo paramilitar afirma ter tomado o controle de uma refinaria e de uma central elétrica 70 km ao norte da capital, de cinco milhões de habitantes.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, havia anunciado na segunda-feira um cessar-fogo de três dias no Sudão após "negociações intensas" entre as partes. Também observou-se um cessar-fogo na região norte de Darfur, no leste do país, há vários dias, informou a ONU.

Mas testemunhas disseram à AFP que viram confrontos entre o Exército e as FAR em Wad Banda, no Cordofão Ocidental, uma região fronteiriça mais ao sul. Como aconteceu nos anúncios anteriores de cessar-fogo, os lados se acusam mutuamente de não respeitá-lo.

Os confrontos que explodiram em 15 de abril deixaram mais de 459 mortos e mais de 4.000 feridos, de acordo com as agências da ONU.

Combatentes empunham rifles rua no distrito de East Nile, na grande Cartum | AFP Photo/HO/Sudan Rapid Support Forces (RSF)

- Fuga de prisioneiros -

As Forças para a Liberdade e a Mudança, o principal bloco civil que os dois generais que agora disputam o poder derrubaram em um golpe em 2021, confiavam que a trégua permitiria "diálogo nas modalidades de um cessar-fogo permanente".

A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta para riscos biológicos "elevados" no Sudão após a ocupação de um laboratório nacional de saúde onde há agentes patógenos de sarampo, cólera e poliomelite.

Vídeos publicados na internet - que não tiveram a autenticidade comprovada - mostram o cenário de violência e ataques dos últimos dias: estabelecimentos comerciais incendiados, imóveis destruídos e civis perambulando entre os escombros ainda em chamas.

Segundo os advogados, durante os combates houve pelo menos uma fuga de uma prisão. Outras informações apontam para outra fuga na prisão de Kober, onde está encarcerado o ex-ditador Omar al Bashir, procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).

Um ex-assessor de Bashir, Ahmed Harun, também perseguido pelo TPI, disse em mensagem à televisão sudanesa que um grande número de funcionários do regime de Bashir havia escapado.

"Ficamos no centro de detenção de Kober, sob o fogo cruzado desta batalha, por nove dias, mesmo quando a prisão foi esvaziada de guardas e prisioneiros, e "agora assumimos a responsabilidade por nossa proteção", disse ele.

A localização de Bashir, acusado de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio, não pôde ser estabelecida de forma independente.

- Retirada de estrangeiros -

Antes do cessar-fogo, várias nações conseguiram negociar com os dois lados beligerantes a retirada de funcionários diplomáticos e de cidadãos de seus países.Centenas de cidadãos da União Europeia, China, Estados Unidos, Japão, Reino Unido e vários países árabes conseguiram deixar o Sudão.

Além disso, quase 700 funcionários da ONU, de embaixadas e de organizações internacionais foram levados para Porto Sudão, uma cidade às margens do Mar Vermelho, segundo as Nações Unidas. A Agência da ONU para os Refugiados calcula que até 270.000 pessoas podem fugir para o Chade e o Sudão do Sul.

As pessoas que não conseguiram fugir do fogo cruzado tentam sobreviver sem o fornecimento de água ou energia elétrica, escassez de alimentos e cortes de internet e das linhas telefônicas.

Aqueles que não conseguem escapar do fogo cruzado estão tentando sobreviver sem água ou eletricidade, com escassez de alimentos e cortes de internet e telefone.Essa espiral "arrisca uma conflagração catastrófica dentro do Sudão que pode envolver toda a região e além", disse o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

"À medida que os estrangeiros fogem, a violência em uma situação humanitária já crítica no Sudão se agrava", alertou a ONU.

Bloqueadas no fogo cruzado, as agências das Nações Unidas e outras organizações humanitárias suspenderam as atividades no país. Cinco trabalhadores humanitários - quatro deles da ONU - morreram e, de acordo com o sindicado dos médicos, quase 75% dos hospitais do país estão foram de serviço. A disputa entre Burhan e Daglo, que se aliaram para derrubar civis do poder, surgiu de planos de integrar as FAR ao Exército.

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