Benjamin Ferencz, último promotor do tribunal de Nuremberg, morre aos 103 anos
Advogado foi responsável pela condenação de diversos oficiais nazistas após a Segunda Guerra Mundial
Camila Stucaluc
Benjamin Ferencz, último promotor vivo dos julgamentos de nazistas no Tribunal de Nuremberg, na Alemanha, morreu, na última 6ª feira (7.abr), aos 103 anos. Segundo familiares, o advogado faleceu em uma casa de repouso na Flórida, nos Estados Unidos. A causa da morte, no entanto, não foi divulgada.
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Nascido na Romênia, Ferencz ficou conhecido por ter atuado no julgamento que, na segunda metade da década de 1940, condenou líderes do regime nazista alemão. Os militares foram acusados por crimes de guerra e contra a humanidade, incluindo o Holocausto - genocídio no qual 6 milhões de judeus foram assassinados.
Na época, aos 27 anos, o promotor obteve a condenação de 22 oficiais nazistas, que faziam parte dos esquadrões de extermínio itinerantes da chamada Allgemeine SS. Dos condenados, 13 receberam sentenças de morte. A audiência, que durou apenas dois dias, é considerada por muitos o maior julgamento de assassinato da história.
Buscando justiça para as vítimas, Ferencz também lutou por indenizações para os sobreviventes do Holocausto, bem como pela devolução de bens roubados durante a ocupação nazista. O promotor defendeu ainda, durante décadas, a criação de um Tribunal Penal Internacional, objetivo que alcançou em 2002, com a criação do Tribunal de Haia.
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"A busca inabalável de Ben por um mundo mais pacífico e justo durou quase oito décadas e moldou para sempre a forma como respondemos aos piores crimes da humanidade. Ele fez história em Nuremberg e continuou a fazê-lo ao longo de sua vida extraordinária. Ele foi implacável em seu compromisso com a memória, a história e a justiça", disse Sara J. Bloomfield, diretora do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos.