Irã diz que não reconhece resolução da ONU para investigar protestos
País condenou ação e afirmou que está respeitando os direitos humanos dos cidadãos
O Ministério das Relações Exteriores do Irã afirmou, nesta 6ª feira (25.nov), que não reconhece a missão independente aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para investigar a atuação das forças de segurança nos protestos desencadeados no país. Segundo a pasta, a ação viola a soberania nacional do país.
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"Considerando a existência de um comitê especializado para investigar a morte de Mahsa Amini, a República Islâmica do Irã considera desnecessária a formação de qualquer novo mecanismo para investigar as questões dos últimos dois meses, já que a ação viola a soberania nacional do país. Não reconhecemos essa missão", diz o comunicado.
O ministério afirma ainda que, apesar das acusações de violência e abuso de poder, as forças de segurança tentam apenas conter as manifestações, resultando, inclusive, na morte e ferimento de dezenas de policiais, guardas e militares. A pasta também reforça que está respeitando os mecanismos presentes nos direitos humanos.
"O governo alemão e alguns governos ocidentais cometeram erros estratégicos ao apresentar esta resolução, com base em erros de cálculo e sob pressão de certos lobistas políticos e das notícias falsas de certos meios de comunicação anti-iranianos. A passagem do tempo mostrará que essa estreiteza política será à custa de seus interesses", acrescenta.
A resolução, aprovada com 25 votos a favor, 16 abstenções e seis contra, cria uma missão independente para recolher e analisar provas de violação de direitos humanos e abuso de poder nos protestos no Irã. Os manifestantes, que vão às ruas há dois meses, continuam exigindo esclarecimentos sobre a morte de Mahsa Amini, de 22 anos.
O óbito da jovem foi divulgado no dia 16 de setembro, três dias após ela ter sido detida pela chamada Polícia da Moralidade por usar o hijab - véu obrigatório no Irã - incorretamente. Apesar de uma investigação do governo afirmar que a morte foi causado por "hipóxia cerebral", a família alega que Mahsa foi torturada.
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Até o momento, segundo organizações nacionais, os protestos já resultaram na morte de mais de 300 pessoas, bem como na prisão de milhares de civis. No início da semana, o chefe de Direitos Humanos da ONU, Volker Türk, fez um apelo para que os cidadãos fossem libertados, uma vez ao menos 10 detidos já foram condenados à morte.