Qatar será a primeira Copa com mulheres na arbitragem
Juíza de Santa Catarina representa o Brasil, quebrando uma barreira histórica no futebol
Sérgio Utsch
O mundial do Qatar será a primeira Copa masculina em que mulheres vão participar da arbitragem. Esta é uma conquista importante dentro de campo, justamente num país onde elas ainda estão longe de ditar as regras da própria vida.
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O Qatar tem num país onde 75% são homens, uma proporção desigual por conta da grande presença de imigrantes do sexo masculino. As mulheres são minoria em números e em direitos.
A cantora brasileira Luciana Maya. Ela mora em Doha há 13 anos e precisou se adaptar. "Eles nos respeitam muito. Nós, como mulheres estrangeiras, não somos obrigadas a nada. E a gente respeita aquelas pequenas regras dos edifícios públicos, em que não pode entrar mostrando o ombro", explica.
Entretanto, há outro lado que pode ser pouco confortável para mulheres. As leis islâmicas do Qatar exigem, em muitos casos, que mulheres tenham permissão de pais, maridos ou irmãos mais velhos para casar, fazer viagens, trabalhar e até para ter acesso a tratamentos contraceptivos.
Laura Canineu, diretora da Human Rights Watch Brasil, conta um pouco sobre o relatório da entidade que mostra como a tutela masculina pode ser discriminatória. "Se uma mulher enfrenta um abuso, com certeza vai ter as portas fechadas para denunciar esse tipo de crime", conta.
E assim, a grande ironia dessa história é que o país que limita tanto o direito das mulheres será o mesmo onde elas vão derrubar uma barreira histórica no futebol. Pela primeira vez, um mundial masculino terá árbitras e assistentes. Serão seis ao todo na arbitragem. Pouco, se comparado ao grupo de homens. Mas é um passo gigantesco para dizer ao mundo que lugar de mulher é em todo lugar.
Nesse time de vanguarda está a brasileira Neuza Back, de Santa Catarina. Ela vai fazer história ao lado de pessoas como Salima Mukansanga, de Ruanda."Como mulher, estou orgulhosa e feliz em estar na Copa do Mundo masculina e fazer parte disso", ela a árbitra para a equipe do SBT.
No Mundial do Qatar não haverá restrições de roupa para as juízas. Elas vão atuar como atuam em seus países, com a determinação de quem sabe o duro que deram para estar nos gramados de uma Copa do Mundo.