"Brasileiros vão mostrar mais uma vez compromisso inabalável com a democracia", diz embaixador nos EUA

Washington DC - Foi o octogésimo primeiro encontro anual da entidade dedicada a estreitar os laços entre o continente. A Associação Panamericana da Filadélfia reuniu nesta quarta-feira, 26, empresários, líderes governamentais e representantes do universo acadêmico e cultural. 

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"Um componente-chave do esforço de modernização do Brasil tem sido sua parceria com os Estados Unidos, que apoiaram nossa adesão à OCDE", disse Nestor Forster, embaixador brasileiro na capital americana, no discurso para a plateia de cerca de duzentos convidados. 

A quatro dias das eleições no Brasil, o diplomata brasileiro falou sobre projetos consolidados afirmando que "foi um ano de retorno econômico robusto após uma crise que afetou o mundo inteiro" e destacou números do comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos. "Com o fluxo de mercadorias ultrapassando os 60 bilhões de dólares nos nove primeiros meses (deste ano) podemos esperar novos recordes para 2022 no comércio com os Estados Unidos, que foi nosso mais importante parceiro até 2009 quando perdeu esta posição para a China. Mas os Estados Unidos continuam inigualáveis quando se trata do investimento estrangeiro no Brasil", disse Forster. O embaixador ainda afirmou que o investimento brasileiro no mercado americano é também significativo, atingindo 40 bilhões de dólares com geração de cerca de cem mil empregos nos Estados Unidos.

Nestor Forster ainda afirmou que embora os setores privados sejam os principais impulsionadores desta parceria, os governos de ambos países desempenham papel importante ao facilitar os negócios. "Outra novidade é o reconhecimento de mútuo acordo, assinado em setembro deste ano, que agiliza os procedimentos alfandegários e reduz a burocracia sobre o comércio de mercadorias", disse. 

O embaixador brasileiro ainda lembrou o momento das eleições legislativas americanas, que acontecem em novembro.  "Partilho com vocês a esperança de que o Congresso americano irá aprovar a renovação do chamado Sistema de preferências generalizadas, pelo qual os países em desenvolvimento podem ter isenção de tarifas para determinadas exportações, nivelando o jogo com nações que têm preferência em acordos de comércio com os Estados Unidos".

Forster afirmou que o projeto  sobre a isenção de tarifas para determinados produtos tem sido tema de conversas com integrantes do Congresso americano e da Casa Branca. "Este acordo é benéfico para os Estados Unidos, na medida que diversifica os parceiros comerciais do país e fornece mais bens e insumos mais eficientes para a indústria e os consumidores americanos" 

O embaixador ainda destacou dados do comércio bilateral Brasil-Pensilvânia que totalizou 2 bilhões de dólares no último ano. "Algumas notáveis empresas da Pensilvânia operam no Brasil e várias empresas brasileiras, por sua vez, tem sido muito ativas neste estado especialmente indústrias no setor de petroquímica, produção de alimentos e materiais avançados" 

Ao fim, Forster falou sobre o pleito do dia 30 de outubro. "Como o Brasil caminha para o segundo turno de sua eleição presidencial neste domingo, os brasileiros irão mostrar uma vez mais seu comprometimento com a democracia. Em uma conferência em 1950, em minha cidade natal, Porto Alegre, no sul do Brasil, o grande estadista Oswaldo Aranha expressou o que a democracia significa para o povo brasileiro nas seguintes palavras: '"A democracia para nós é essencial à nossa forma de ser. Não é uma concepção política, em si mesmo, mas a maneira mais humana e digna de viver e de conviver em nosso país' . Com estas palavras em mente, quero afirmar meu bem fundamentado otimismo para o futuro do Brasil e a certeza de sua contínua contribuição para a paz e a prosperidade na nossa região e em todo o mundo", disse.

Forster ainda respondeu a perguntas dos convidados. Um dos questionamentos foi se o presidente brasileiro, no caso de vitória do candidato oponente, irá aceitar uma transferência pacífica de poder. "Sim, acredito. Um mito foi fabricado de que isso não aconteceria. Se as pessoas acreditam que isso se tornará uma profecia autorrealizável estas pessoas estão erradas. A grande maioria dos brasileiros apoia as instituições democráticas brasileiras. É  uma democracia vibrante." O embaixador ainda afirmou que o Brasil não está sozinho em relação à polarização política e que é preciso mais diálogo. "Sou um diplomata de carreira e um dos desafios é a grande influência de temas de política interna na política estrangeira (...) E quando você tem partidos e ideologias acima da temperatura isso não ajuda." Forster concluiu lembrando do papel e do dever da diplomacia: "Isso leva ao que os diplomatas sempre fazem, que é sentar e conversar não importa com quem seja" .