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Nicotina bloqueia produção de hormônio importante nas mulheres, diz estudo

Trabalho foi apresentado na 35ª conferência anual do Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia

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Pessoa segura cigarro (Divulgação/Banco Mundial/ONU)
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O consumo de nicotina em quantidade igual à encontrada em um cigarro bloqueia a produção do hormônio estrogênio no cérebro das mulheres, segundo um estudo apresentado na 35ª conferência anual do Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia (ECNP, na sigla em inglês), que ocorre em Viena, na Áustria, e online de 15 a 18 de outubro. Segundo os pesquisadores responsáveis, isso pode explicar várias diferenças comportamentais que mulheres que fumam apresentam, como resistência superior à dos homens para abandonar o hábito.

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O estrogênio é indispensável para o funcionamento completo do organismo feminino. Entre suas principais funções no corpo das mulheres, estão a reprodutiva, regulação de distribuição de gordura corporal, desenvolvimento mamário e crescimento de pelos pubianos. No estudo, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia, o bloqueio que a nicotina promove foi demonstrado no tálamo - parte do sistema límbico do cérebro, o qual está envolvido em respostas comportamentais e emocionais.

De acordo com a professora Eika Comasco, pesquisadora principal, os responsáveis pelo trabalho ficaram "surpresos ao ver que esse efeito pode ser visto mesmo com uma única dose de nicotina, equivalente a apenas um cigarro, mostrando o quão poderosos são os efeitos do tabagismo no cérebro de uma mulher". "Este é um efeito recém-descoberto e ainda é um trabalho preliminar. Ainda não temos certeza de quais são os resultados comportamentais ou cognitivos; só que a nicotina atua nessa área do cérebro", complementou.

Ainda conforme a professora, a descoberta leva o grupo a crer "que o efeito da nicotina na produção de estrogênio tem um impacto significativo no cérebro, mas talvez também em outras funções, como o sistema reprodutivo - ainda não sabemos". "Existem diferenças significativas na forma como homens e mulheres reagem ao tabagismo. As mulheres parecem ser mais resistentes à terapia de reposição de nicotina, experimentam mais recaídas, apresentam maior vulnerabilidade à hereditariedade do tabagismo e correm maior risco de desenvolver doenças primárias relacionadas ao tabagismo, como câncer de pulmão e ataques cardíacos. Precisamos agora entender se essa ação da nicotina no sistema hormonal está envolvida em alguma dessas reações".

Dez mulheres saudáveis participaram do estudo; uma dose de nicotina comercialmente disponível foi aplicada nelas -- por via intranasal --, simultaneamente a um marcador radioativo ligado a uma molécula que se une à enzima aromatase (estrogênio sintase), responsável pela produção de estrogênio, e, depois, por meio de ressonância magnética e tomografia por emissão de pósitrons (PET), os pesquisadores analisaram a quantidade da enzima e onde se encontrava no cérebro. A conclusão é que a dose de nicotina reduziu de forma moderada a quantidade de aromatase nessa parte do corpo. Nunca antes esse bloqueio havia sido demonstrado em seres humanos.

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